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CCR fará nova oferta pela Invepar, dona do Aeroporto de Guarulhos

A concessionária, que já havia olhado o ativo, ganha nova chance após vencimento de acordo de exclusividade com o fundo Mubadala, de Abu Dabi

Aeroporto: segundo pessoas próximas à empresa, a oferta está pronta para ser apresentada (André Lessa/Exame)

Aeroporto: segundo pessoas próximas à empresa, a oferta está pronta para ser apresentada (André Lessa/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2018 às 09h13.

São Paulo - A CCR, que tem entre seus controladores a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez, prepara nova proposta para comprar parte da Invepar, holding de infraestrutura dona da concessão do aeroporto de Guarulhos e do metrô do Rio.

Segundo pessoas próximas à empresa, a oferta está pronta para ser apresentada. O período de exclusividade de três meses de negociação entre a Invepar, o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, e a operadora francesa Vinci, que foi firmado em dezembro, acabou de vencer, abrindo nova chance para a concessionária.

Conforme a proposta, apurou o Estado, o primeiro passo seria a compra da participação de 24% da empreiteira OAS, citada na Operação Lava Jato e hoje em recuperação judicial. O objetivo seria fazer uma operação envolvendo troca de ações - por meio da qual a CCR vai incorporar a Invepar.

Uma fonte próxima ao acordo explicou que, caso a troca de ações seja concretizada, os fundos de pensão Previ (do BB), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa), que hoje detêm 75,6% da Invepar, passariam a ser sócios da CCR.

Posteriormente, caberia aos fundos a decisão de vender ou não suas participações à concessionária. Os bancos BTG Pactual e Itaú BBA estão entre os envolvidos na venda da Invepar.

Embora a entrada da CCR na Invepar seja, em princípio, vista com bons olhos pelos fundos, pois representa uma "porta de saída" do negócio, uma fonte ponderou que a recente citação da própria CCR em investigações relacionadas à Lava Jato pode atrapalhar o acordo (leia ao lado). Isso porque, nos últimos tempos, os fundos estão tentando "limpar" o portfólio e reduzir associações com grupos com potencial risco jurídico.

Do lado dos vendedores, também existem obstáculos. A transferência da participação da OAS aos credores, que faz parte do plano de recuperação judicial da construtora, ainda precisa de autorização do governo do Estado do Rio.

Somente após a transferência essa fatia poderá ser vendida. Negociações com dois grupos - o canadense Brookfield e o Mubadala - já fracassaram.

Há também desafios operacionais. Enquanto negocia sua nova estrutura societária, a Invepar tenta reorganizar a administração. Uma consultoria de reestruturação de negócios trabalha para diagnosticar oportunidades de negócios e necessidades de capital da empresa.

Estratégia. Para a CCR, a compra da Invepar seria um passo importante dentro da estratégia de diversificação de negócios da concessionária. Criada em 1999, a empresa cresceu com as concessões rodoviárias, como o sistema Anhanguera/Bandeirantes (SP) e a Nova Dutra (SP/RJ). Hoje a companhia administra 3.265 km de estradas no Brasil.

Nos últimos tempos, a CCR decidiu ampliar a atuação para os setores de mobilidade urbana e aeroportos. Em 2013, ganhou a concessão do aeroporto de Confins (MG); em 2017, comprou a Linha 4 do metrô de São Paulo da Odebrecht; e, no início deste ano, venceu a licitação das linhas 5-Lilás e 17-Ouro, também na capital paulista.

A estratégia do grupo é se preparar para o fim das concessões rodoviárias. O contrato da Nova Dutra, que representa cerca de 15% das receitas da empresa, vai vencer em 2021, e o sistema Anhanguera/Bandeirantes, que responde por quase um quarto, expira em 2026.

Fontes afirmam que a empresa está capitalizada para disputar novas licitações. No início de 2017, a empresa fez captação de R$ 4 bilhões com a emissão de novas ações no mercado. Na época, a concessionária tinha esperança de conseguir prorrogar a concessão da Nova Dutra em troca de obras de expansão da rodovia. Mas o governo já decidiu que fará um novo leilão.

Procurados, CCR Invepar, OAS, Previ, Funcef, Petros, Mubadala, BTG Pactual e Itaú BBA não comentaram o assunto.

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