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Castanho, do #nãodemita: "Não pode reduzir salário para manter o lucro"

Para um dos idealizadores do manifesto que já teve a adesão de 4 mil empresas, o momento é de solidariedade

Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da Ânima Educação: momento é de solidariedade (Divulgação)

Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da Ânima Educação: momento é de solidariedade (Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 14 de abril de 2020 às 15h13.

Última atualização em 14 de abril de 2020 às 21h03.

O manifesto #nãodemita, documento público de compromisso para evitar demissões na crise atual, já teve a adesão de mais de 4.000 empresas. Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da Ânima Educação e um dos idealizadores do movimento, afirma que as empresas precisam abrir mão dos resultados neste momento tão difícil.

"O corte de salários é uma alternativa para a sobrevivência da empresa, não pode reduzir para manter o lucro", disse o executivo em entrevista à EXAME.

Segundo Castanho, o manifesto é um "acordo moral": a empresa se compromete, publicamente, a não demitir, informa a seus funcionários e publica em suas redes sociais. "A resposta que temos obtido dos empresários que aderiram é muito bacana, ninguém está descumprindo."

Empresas de diversos portes aderiram ao manifesto, incluindo grandes grupos como WEG, Renner e BR Distribuidora. A ideia é esperar pelo fim (ou ao menos diminuição) do isolamento social (lockdown) para o país ter uma clareza maior sobre os impactos econômicos do novo coronavírus.

Para Castanho, a profunda crise desencadeada pelo novo coronavírus despertou um sentimento de solidariedade. "Temos visto todo tipo de doações e tentativas de preservar o emprego. Os empresários vão fazer de tudo para não demitir."

Ele acredita ainda que o número de adesões ao manifesto deve crescer. A maioria das inscrições vem de São Paulo, mas cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Campinas, entre outras dezenas, também estão aderindo ao movimento.

"Temos recebido mensagens de empresários de todo o país. Neste momento, as empresas terão que abrir mão dos resultados dos acionistas em favor dos stakeholders."

É uma postura que valeu destaque na capa da atual edição da revista Exame. A crise do novo coronavírus, mostra a reportagem, deixa evidente uma divisão que vinha sendo lentamente formada no mundo dos negócios. De um lado, empresas que buscam ­atuar de maneira mais humanizada e atenta ao impacto que têm no mundo. Para elas, o propósito de uma empresa é gerar valor para todos os envolvidos em suas atividades — acionistas, funcionários, fornecedores, parceiros, clientes e a comunidade.

O lucro, essencial para manter a operação de pé, é visto como consequência dessa boa gestão. Entre os especialistas, esse modelo é chamado de capitalismo de stakeholder, por colocar os interesses de todas as partes envolvidas (stakeholders, em inglês) à frente dos investidores. Do outro lado, estão as empresas que atuam de acordo com o modelo de capitalismo de ­shareholder, no qual o retorno ao acionista (­shareholder) é o grande norteador das ações e decisões dos gestores.

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