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Casino consegue frustrar casamento entre Pão de Açúcar e Carrefour

O sócio brasileiro no CBD Pão de Açúcar, Abílio Diniz, cedeu à rejeição da oferta de fusão pelo conselho de administração da Casino, que possui 43,1% da CBD

A Casino mobilizou um amplo arsenal jurídico para frustrar as pretensões de Abílio Diniz e do Carrefour
 (ludovic/flickr)

A Casino mobilizou um amplo arsenal jurídico para frustrar as pretensões de Abílio Diniz e do Carrefour (ludovic/flickr)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2011 às 12h32.

Paris - Após várias semanas de turbulências, o grupo varejista Casino conseguiu frustrar o projeto de fusão no Brasil entre o seu sócio brasileiro no CBD Pão de Açúcar, Abílio Diniz, e seu concorrente Carrefour.

Esse projeto tinha sido revelado oficialmente pelo Carrefour há quinze dias, após semanas de rumores de negociações entre o número dois mundial do varejo e Diniz, fundador da CBD e sócio da Casino desde que esta obeteve uma participação em sua empresa em 1999.

O Carrefour anunciou então ter recebido uma "proposta" da sociedade brasileira Gama, de propriedade do fundo BTG Pactual com o apoio financeiro do Banco Nacional Brasileiro do Desenvolvimento (BNDES) para criar uma empresa com as atividades locais do Carrefour e da CBD.

Tratava-se então de criar um gigante brasileiro do varejo com vendas de 30 bilhões de euros e de sinergias estimadas entre 600 e 800 milhões de euros.

Mas na terça-feira, Diniz cedeu à rejeição da oferta de fusão pelo conselho de administração da Casino, que possui 43,1% da CBD, e da desistência do BNDES, sem um consenso entre as partes.

Nesta quarta-feira, o Carrefour reconheceu que as condições desta operação "não estão reunidas".

Se a Gama não apresentou um novo projeto, o conselho de administração do Carrefour poderá examiná-lo, indicou o diretor financieiro Pierre Bouchut em resposta às perguntas de um analista.

"Não é o caso no momento em que conversamos. Se uma nova proposta fosse apresentada, isso seria totalmente novo", acrescentou.


Abílio Diniz não se referiu a um abandono, mas a "uma suspensão temporária", que se pareceu mais com uma maneira de salvar as aparências do que um sinal de novos acontecimentos, considerou Renaud Murail, gerente de ações da Barclays Bourse.

"Acho que o caso está encerrado para o Carrefour, e a Casino acaba de se declarar vencedora. É difícil que haja uma mudança na situação. Depois que as autoridades brasileiras não concederam mais o seu apoio, parece que tudo ficou muito complicado", indicou.

"No momento, é o fim", considerou um analista.

Da parte do Casino, "isso parece ter sido muito bem preparado no plano jurídico", disse Murail.

Para se opor a uma manobra considerada "hostil", a Casino mobilizou todo um arsenal jurídico. Para essa empresa, o Brasil é um dos quatro países mais populosos e em forte crescimento nos quais ela construiu uma estratégia de expansão internacional.

No final de maio, a Casino lançou um primeiro procedimento de arbitragem contra Abílio Diniz na Câmara de Comércio Internacional, exigindo o cumprimento de um pacto dos acionistas com a sua sócia, que deu a ela a possibilidade de assumir o controle da CBD em 2012.

Em junho, quatro dias antes do anúncio oficial do projeto de fusão, o Tribunal de Comércio de Nanterre indicou ter apreendido 22 documentos referentes às negociações com Diniz na sede do Carrefour.

Com o projeto oficializado, Naouri lançou uma segundo procedimento de arbitragem contra Diniz, e viajou ao Brasil para defeder suas posições, classificando a operação "de expropriação" e de "erro estratégico".

Diante da forte resistência do Casino, aos temores de monopólio e aos ataques da oposição à intervenção do Estado brasileiro em um conflito entre os dois atores privados estrangeiros, o governo da presidente Dilma Rousseff mandou o BNDES dixar a operação.

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