O Casino e Abilio Diniz estão em atrito desde que Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, contatou o Carrefour, principal rival da empresa na França (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2011 às 08h40.
Paris - O grupo francês Casino sinalizou interesse em consolidar sua participação no Grupo Pão de Açúcar e ampliou sua fatia na varejista brasileira, num alerta ao empresário Abilio Diniz.
O Casino anunciou que aumentou sua participação no Pão de Açúcar em 3,3 por cento, para 37 por cento, investindo na operação 363 milhões de dólares.
"O Casino reitera sua intenção de fortalecer o desenvolvimento de longo prazo do Grupo Pão de Açúcar, bem como a posição do grupo em mercados em rápido crescimento", afirmou a empresa francesa.
O Casino e Abilio Diniz estão em atrito desde que Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, contatou o Carrefour, principal rival do Casino na França, sem permissão, para discutir uma possível aliança.
Uma fusão entre o Pão de Açúcar e a unidade brasileira do Carrefour poderia ajudar a reduzir a fragmentação do varejo no Brasil, setor que movimenta 230 bilhões de dólares por ano, 60 por cento dos quais dominado pelas dez maiores empresas do setor. A aliança também daria à companhia combinada 28 por cento de participação de mercado, mais que o dobro da fatia da norte-americana Wal-Mart.
A ação de Diniz fez o Casino entrar com um pedido de arbitragem internacional contra o grupo do empresário brasileiro no mês passado, sob o argumento de que as conversas com o Carrefour descumpriram os termos de acordo entre ambos.
No centro da controvérsia está o acordo entre o Casino e o grupo de Diniz que permite que a companhia francesa assuma o controle do Pão de Açúcar, se optar por isso daqui um ano.
A opção do acordo entre Casino e Diniz foi instituída em 2006, quando ambos fundaram a holding Wilkes, que detém 66 por cento das ações com direito a voto do Pão de Açúcar. Se exercer a opção, o Casino poderá indicar um nome para a presidência do conselho do Pão de Açúcar.
Sob as regras do acordo que criou a Wilkes, nenhuma das partes pode entrar em negociações de fusão sem o consentimento da outra.