Casa da Moeda no Brasil: empresa surgiu para resolver um problema crucial do Brasil Colonial (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 5 de junho de 2025 às 09h56.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 10h02.
Em 1694, uma instituição foi criada no Brasil com uma missão essencial para a economia local: garantir que o país tivesse uma moeda própria. Hoje, mais de 330 anos depois, ela segue desempenhando um papel central na economia nacional, com funções que vão além da cunhagem de moedas.
A Casa da Moeda do Brasil é a empresa mais antiga do país, fundada ainda no período colonial. Ela teve um papel vital em diversos momentos da história econômica brasileira, e até hoje se mantém relevante. Em 2025, ela completa 331 anos de existência — o suficiente para ter visto D. Pedro II, a Proclamação da República, a ditadura militar, o Plano Real e até a pandemia da covid-19.
Com capacidade de produzir anualmente mais de 2,6 bilhões de cédulas e 4 bilhões de moedas, a Casa da Moeda não só atende ao Brasil, mas também exporta seus produtos para diversos países da América Latina e África, sendo reconhecida pela qualidade e segurança de suas produções.
Fundada em 8 de março de 1694 em Salvador, a Casa da Moeda surgiu para resolver um problema crucial do Brasil Colonial: a falta de uma moeda própria. O comércio interno dependia de moedas estrangeiras, o que gerava instabilidade econômica. A solução foi a criação de uma casa de cunhagem local, autorizada pelo rei de Portugal, D. Pedro II, para produzir as primeiras moedas brasileiras, feitas de ouro e prata.
Nos primeiros anos, a Casa da Moeda enfrentou desafios significativos, como a falta de infraestrutura e a escassez de recursos para a produção das moedas. Mesmo assim, a instituição conseguiu estabelecer as bases para a construção de uma identidade monetária própria para o Brasil, criando moedas de 1.000, 2.000 e 4.000 réis em ouro e várias denominações em prata.
A produção de moedas e a necessidade de expansão do Brasil Colonial exigiram a transferência da Casa da Moeda para diferentes cidades ao longo dos anos, como Recife e o Rio de Janeiro. A instabilidade política refletia-se na localização da instituição, que se adaptava às novas necessidades do país.
A transferência definitiva para o Rio de Janeiro, em 1702, consolidou a Casa da Moeda como a principal produtora de moeda no Brasil, um papel que manteve até hoje.
A Casa da Moeda do Brasil, hoje, vai muito além de sua função inicial de cunhar moedas. A empresa é responsável pela fabricação de passaportes, selos fiscais, documentos de segurança e outros itens que exigem alta tecnologia para prevenção de falsificação. A Casa da Moeda é a única autorizada no Brasil a emitir esses documentos, com os mais avançados sistemas de segurança.
Outro aspecto relevante da sua atuação é o controle e rastreamento de produtos sensíveis, como os cigarros. Por selos digitais, a Casa da Moeda ajuda a combater o contrabando e a falsificação, colaborando com o governo brasileiro no combate à sonegação fiscal e ao mercado ilegal.
A capacidade de produção da instituição garante a autossuficiência do Brasil no que diz respeito à sua moeda, com uma produção anual superior a 2,6 bilhões de cédulas e 4 bilhões de moedas. Isso não só atende às necessidades do mercado interno, como também coloca a Casa da Moeda em uma posição estratégica no cenário internacional, com a exportação de seus produtos para países da América Latina e África.