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Carrefour: lojas são quebradas em protestos e CEO global se pronuncia

Protestos ocorrem em lojas do Carrefour em diferentes capitais após morte de João Freitas em loja em Porto Alegre

Protestos no Carrefour em São Paulo  (Leo Orestes/Reprodução)

Protestos no Carrefour em São Paulo (Leo Orestes/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 19h43.

Última atualização em 22 de novembro de 2020 às 11h05.

Após a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, asfixiado na noite desta quinta-feira 19, por dois seguranças em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre, conforme indicou o primeiro resultado da necropsia realizada pela perícia da cidade, Alexandre Bompard, presidente global da varejista, se pronunciou nas redes sociais. 

"Em primeiro lugar, gostaria de expressar meus profundos sentimentos, após a morte do senhor João Alberto Silveira Freitas. As imagens postadas nas redes sociais são insuportáveis (...) Medidas internas foram imediatamente tomadas pelo Grupo Carrefour Brasil, principalmente em relação à empresa de segurança contratada. Essas medidas são insuficientes. Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência. Espero que o Grupo Carrefour Brasil se comprometa, além das políticas já implantadas pela empresa.", disse o executivo no Twitter no início da noite desta sexta-feira, após uma enorme reação nas redes sociais no Dia da Consciência Negra.

Procurada pela EXAME a empresa não se pronunciou. Mais cedo, nas redes sociais, uma nota foi divulgada (leia na íntegra abaixo).

Protestos

Dezenas de grupos de movimentos sociais organizaram protestos na unidade de Porto Alegre, onde aconteceu a morte de João Freitas.

Protestos no Carrefour em São Paulo (Leo Orestes/Reprodução)

O movimento foi seguido em outras cidades como São Paulo, onde a unidade da Rua Pamplona foi depredada e queimada (veja fotos no final da reportagem), e como mostram imagens nas redes sociais. No Rio Janeiro dezenas de manifestantes também ocuparam lojas. Em Belo Horizonte não foi diferente.

Em São Paulo, por exemplo, uma marcha que já aconteceria por conta do Dia da Consciência Negra caminhou sentido a unidade depredada por volta das 18h30.

No Rio de Janeiro, segundo apurações locais, as manifestações foram pacíficas ao exigir o fechamento da operação.

 

O caso

Um homem negro identificado como João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi espancado e morto por dois homens brancos em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite da  quinta-feira, 19. Informações iniciais apontaram que os agressores foram um segurança e um PM temporário.

De acordo com o delegado Leandro Bodoia, plantonista da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa, teria havido um desentendimento entre a vítima e funcionários. Testemunhas disseram que João Alberto fez “gestos agressivos” durante compras no caixa. Os seguranças foram chamados por uma funcionária e o conduziram para fora da loja. A esposa da vítima seguiu dentro do estabelecimento finalizando a compra.

As imagens das câmeras de segurança mostram um homem desferindo um soco no segurança. Neste momento teriam começado as agressões, filmadas e divulgadas nas redes sociais. Quando a esposa de João Alberto saiu do supermercado em direção ao estacionamento, viu a cena e, segundo relatos, foi impedida de se aproximar. Ainda de acordo com informações de testemunhas, uma ambulância do Samu foi ao local e tentou reanimá-lo, mas ele não resistiu às agressões e os suspeitos foram presos em flagrante.

Histórico

Esse não é o único caso de violência e agressão em grandes supermercados. Em um supermercado da bandeira Extra, do grupo GPA, o jovem negro Pedro Gonzaga foi imobilizado e morto por um segurança no ano passado. Na época, imagens mostravam o segurança deitado sobre o jovem, que estava aparentemente desacordado. As investigações apontaram que a vítima não portava armas e não oferecia risco algum.

Em dezembro de 2018, um outro segurança do supermercado que trabalhava em uma unidade de Osasco (SP) confessou ter envenenado um cachorro e, depois, o espancou até a morte, o que levou a rede a ser condenada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) estipulou que o Carrefour deveria pagar R$ 1 milhão em razão dos maus-tratos cometidos pelo funcionário. O fato gerou grande mobilização nas redes sociais.

Também em 2018 no Carrefour, Luís Carlos Gomes foi agredido em uma loja em São Bernardo do Campo após abrir uma lata de cerveja. Gomes, teve multiplas fraturas, sequelas, e acusou o supermercado de racismo. 

Posicionamento do Carrefour

Leia a nota na íntegra:

“O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.

O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente.

Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais”.

Fotos de protesto em São Paulo

 

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