Felipe Ramalho, sócio-fundador da agência Lorde (Agência Lorde/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 28 de outubro de 2021 às 18h47.
Última atualização em 29 de outubro de 2021 às 10h40.
Quem se divertia nas festas talvez nem imagine que o setor de eventos e entretenimento represente 13% do PIB brasileiro — ou que, no estado do Rio de Janeiro, só fique atrás de óleo e gás. E, depois de quase dois anos da pandemia, parece existir luz no fim do túnel: a agência Lorde fez um evento-teste (autorizado pela prefeitura carioca) para 4.000 pessoas no início do mês.
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Todos os participantes tinham de comprovar a vacinação completa e realizar teste de covid-19 com 48 horas de antecedência nos laboratórios credenciados. Essas informações foram enviadas diretamente à organização e, depois da festa, as pessoas continuaram monitoradas por duas semanas. E somente duas pessoas foram infectadas, taxa 3,2 vezes inferior à média municipal.
“Vendemos 2.500 ingressos em 10 minutos. Então dá para dizer que as pessoas querem festas. E a experiência foi boa em vários sentidos: o faturamento foi positivo, porque a Esbórnia [carro-chefe da agência e um dos eventos mais tradicionais do setor] rende até 2,5 milhões de reais a cada edição; e ainda incentivou a vacinação”, diz Felipe Ramalho, sócio-fundador da Lorde.
Quem vê dinheiro entrando em caixa talvez nem imagine que a agência Lorde perdeu cerca de 70% da receita neste ano — e, em 2020, foram 60%. Para aguentar o período de crise, nenhum dos sócios recebeu qualquer remuneração. Outro suspiro foi o Réveillon de Gostoso, em São Miguel do Gostoso (RN), realizado no ano passado com autorização do Supremo Tribunal Federal.
“Nossa maior preocupação foram os funcionários, que mantivemos com salário integral e com toda a equipe pelo maior tempo possível. Não fizemos nenhuma decisão abrupta. Queimamos o caixa da empresa para manter nossas obrigações com todo mundo e o pouco que entrava mantinha a gente vivo. Tivemos muitas perdas, mas ainda existimos por sermos sólidos”, diz.
Se a pandemia de covid-19 chegou de surpresa no início de 2020, já existem planos para manter os negócios funcionando caso aconteça qualquer retrocesso na evolução dos casos. Tanto que a Lorde, além dos eventos presenciais, aposta em outras duas frentes: ativações digitais com marcas e ações com influenciadores. Só que, no cenário atual, a agência aposta nas festas.
“Cerca de metade de nosso faturamento depende da Esbórnia, que completará 12 anos em 2022. É uma das três maiores festas do país em público e faturamento. Mas queremos diversificar cada vez mais e o próprio Réveillon de Gostoso deverá aumentar a participação na receita, considerando que temos acordo verbal até 2026. E criamos outras marcas, como a festa Mixed”.
Para os próximos meses, as fichas foram depositadas no Carnaval carioca, que deverá ser o maior do país, de acordo com a agência. Tanto que, na edição prevista para fevereiro do ano que vem, a festa Esbórnia deverá receber 6.000 pessoas —metade de fora do RJ — e faturar mais de 3 milhões de reais. Esse deverá ser o terceiro pilar das festividades, além da Sapucaí e dos blocos.
“Imaginamos que os 2022 e 2023 serão anos muito fervorosos, com eventos e ativações. E a gente deverá ter muito trabalho por conta disso, não só com festas, mas também com grandes empresas [no portfólio da Lorde há Ambev, Coca-Cola e Mondelez]. Essa pandemia transformou nosso setor, ensinando a conciliar entretenimento com o marketing digital”, diz Ramalho.
Em números, isso significa que o faturamento da agência deverá ficar acima de 45 milhões de reais nos próximos dois anos — fruto de 25 grandes eventos que deverão reunir 35.000 pessoas e ativação de mais de 40 marcas ao longo deste período. Para ter ideia, antes da pandemia, em 2019, o Lorde fechou o balanço com faturamento de aproximadamente 20 milhões de reais.
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