Ghosn: o executivo renunciou após sua prisão no Japão em novembro de 2018 (Harold Cunningham/Getty Images)
EFE
Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 15h09.
Paris — O brasileiro Carlos Ghosn entrou com uma ação contra a Renault na França para reivindicar o pagamento da aposentadoria da montadora francesa da qual era CEO, cargo do qual foi forçado a renunciar após sua prisão no Japão em novembro de 2018.
Em entrevistas realizadas em Beirute, capital do Líbano, para duas mídias francesas e divulgadas nesta segunda-feira, Ghosn justifica esse procedimento perante o Tribunal do Trabalho, alegando não ter renunciado formalmente como "número um" da Renault.
Após uma troca de cartas entre as partes defendendo seus interesses, o ex-executivo escreveu em meados de dezembro para a Autoridade de Mercados Financeiros da França (AMF) pois, em sua opinião, a comunicação financeira da Renault sobre sua saída estava errada.
E no final do mês passado, ele levou o caso ao Tribunal do Trabalho de Boulogne Bilancourt, a cidade dos arredores de Paris, onde está sediada a Renault.
"Minha demissão da Renault? É uma farsa", diz o brasileiro ao jornal "Le Figaro", dizendo que seria inicialmente queria resolver a disputa amigavelmente e lembrou que estava preso quando deixou a empresa.
Ele acrescenta que foi necessária a nomeação de um diretor-geral para substituí-lo e por isso assinou uma carta em 23 de janeiro de 2019 na qual disse: "Quero me aposentar das minhas funções para permitir que a empresa restaure sua governança".
O Conselho de Administração da Renault, reunido no dia seguinte, tomou nota do que ele interpretou, sem dúvida, como a "renúncia" de Ghosn, e fez isso em um comunicado.
Em seguida, reduziu a remuneração de seu ex-diretor para o exercício de 2018.
Ghosn, em sua carta, havia apontado que estava deixando seus deveres, mas sem abrir mão de seus direitos.
Em entrevista à "Europa 1", o empresário insiste que sua carta "resultou numa demissão que não foi".
A Renault não quis comentar sobre essa disputa, que terá uma audiência no final de fevereiro.
Para Carlos Ghosn, seus direitos a pensão representam cerca de 770 mil euros por ano, acrescentando as ações que ele esperava atribuir. Também reivindica uma compensação de aposentadoria de 250 mil euros.