Negócios

Caravana Sebrae Delas destaca desafios e conquistas do empreendedorismo feminino na Paraíba

Evento reuniu lideranças do setor financeiro e premiou empreendedoras paraibanas na etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios

Evento em Campina Grande reuniu lideranças para debater acesso ao crédito, capacitação e inclusão feminina.

Evento em Campina Grande reuniu lideranças para debater acesso ao crédito, capacitação e inclusão feminina.

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 13h53.

Última atualização em 2 de setembro de 2025 às 14h07.

A etapa paraibana da Caravana Sebrae Delas aconteceu na sexta-feira (22), no Centro de Convenções de Campina Grande, na Paraíba, com uma programação voltada ao fortalecimento do empreendedorismo feminino. Entre painéis, mentorias e oficinas, o evento buscou ampliar o acesso ao crédito e à capacitação para mulheres que lideram ou desejam iniciar um negócio.

A realidade das 160 mil empreendedoras do estado é desafiadora. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 61,86% das mulheres empreendedoras do estado sobrevivem com renda de até um salário mínimo, realidade que limita o crescimento de suas empresas.  Além disso, 71,36% não contribuem para a previdência, o que evidencia a fragilidade da estrutura financeira. Segundo o diretor superintendente do Sebrae/PB, Luiz Alberto Gonçalves Amorim, um espaço para discutir empreendedorismo feminino no maior evento para pequenos e médios empreendedores da Paraíba é olhar para a realidade dos negócios no estado. 

“Mais importante do que a beleza do evento ou o número de pessoas é o que cada empreendedora leva para casa”, afirma o diretor. 

A Caravana Sebrae Delas, segundo ele, mostra que o empreendedorismo feminino já é maioria na Paraíba e tem poder de transformar realidades, da dona de um pequeno negócio a comunidades inteiras que crescem junto com elas.  No palco dedicado ao empreendedorismo feminino, a Caravana apresentou o FAMPE Mulher, iniciativa do Sebrae que dá 100% de aval ao crédito concedido a mulheres em todo o país.

Mãe e empreendedora

Carla Pontes, proprietária da Afetos Clínicas de Desenvolvimento Humano, em João Pessoa, é uma das empreendedoras beneficiadas pela iniciativa. Sua clínica  nasceu de uma experiência pessoal: a dor de uma mãe que buscava acolhimento e inclusão para crianças autistas. 

O projeto começou de forma pequena, com apenas quatro crianças atendidas e cinco profissionais. Em três anos, cresceu de forma significativa e hoje conta com duas unidades, 150 crianças acompanhadas e 50 profissionais.

Para Carla, o crédito aliado à capacitação foi fundamental para transformar o sonho em realidade. “Nós mulheres empreendedoras não empreendemos só para nós. Empreendemos para realizar sonhos que se tornam realidade, para transformar vidas.”

Eraldo Ricardo dos Santos, gerente adjunto de Empreendedorismo Feminino do Sebrae Nacional, destacou a trajetória de Carla como exemplo do impacto do crédito assistido, e reforçou a importância do FAMPE Mulher e da educação financeira para ampliar as oportunidades das empreendedoras.

“Além de promover o acesso ao crédito, conseguimos preparar essas mulheres por meio de consultorias antes, durante e depois da concessão. Isso mostra que os créditos são realmente conscientes e têm ajudado a alavancar negócios de forma sustentável”, afirma.

A iniciativa já ultrapassou mais de 160 milhões de operações desde março, com mais de 3.000 mulheres beneficiadas em todo o país. O objetivo, segundo ele, é chegar aos 27 estados e atender mais de 100 mil mulheres com crédito e capacitação.

“Mulheres pagam, em média, 4% a mais de juros do que os homens. Com esse processo de crédito assistido, temos conseguido reduzir essa diferença em um ponto percentual.”

Crédito como ferramenta de transformação

O painel “Financiando sonhos, impulsionando negócios” reuniu representantes de Sicredi, Banco do Nordeste e Sicoob para debater o papel das cooperativas e bancos no apoio a mulheres empreendedoras.

Karen de Lucena, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Central Nordeste, ressaltou que a atuação da cooperativa vai além do crédito. Segundo ela, muitas mulheres recorrem ao empreendedorismo para transformar suas vidas ou até mesmo para sair de relações abusivas. 

“O nosso papel é oferecer um voto de confiança. A preocupação não é apenas com o crédito, mas em ajudá-las a entender sua relação com o dinheiro, prosperar como pessoas e gerar impacto positivo na comunidade.”

Na mesma linha, Lorena Barbery, assessora de Desenvolvimento do Cooperativismo da Sicredi Evolução, destacou que o cooperativismo acompanha de perto a realidade feminina e suas particularidades. “Essas mulheres vêm em busca de transformar não só os negócios, mas também a vida pessoal. A cooperativa tem esse compromisso de caminhar junto com a associada e apoiar essa mudança que reverbera em toda a comunidade.”

Já Daniella de Souza Farias, gerente do Banco do Nordeste, chamou atenção para as dificuldades de acesso ao crédito. “Em 2023, apenas 12% das mulheres realizaram operações de crédito. Destas, 45% tiveram o pedido negado e 30% sequer souberam responder. Ainda há muito a avançar. O FAMPE, fundo de aval às micro e pequenas empresas, existe justamente para facilitar esse processo, já que o avalista é um dos principais gargalos.”

Histórias de superação e representatividade

O painel “De onde eu venho, eu voo” reuniu as empreendedoras paraibanas Tâmara Bastos Silva e Jannifer Macena, que compartilharam suas trajetórias profissionais em um setor ainda marcado pela informalidade e baixa formalização. O momento foi voltado à inspiração e fortalecimento da rede entre mulheres.

Já na palestra magna, a jornalista e empresária Maria Cândida abordou temas como inclusão, finanças e liderança. Ela destacou a importância do posicionamento feminino no ambiente empresarial e a construção de redes de apoio como estratégia para enfrentar desigualdades estruturais.

Presente nas nove caravanas, a atriz e embaixadora da caravana Giovanna Antonelli, encerrou a programação com a palestra “Discurso do óbvio”, reforçando a importância de hábitos simples no sucesso dos negócios.

 “O óbvio é aquilo que todo mundo sabe, mas esquece de praticar. Disciplina, foco, rede de apoio, propósito… Tudo isso parece básico, mas é o diferencial. Não é só a ideia genial, é o dia a dia bem feito”, explica.  “Minha carreira sempre foi feita de reinvenção. Atriz, influenciadora, empresária, mentora… nunca tive medo de começar de novo. E é exatamente isso que eu quero passar. A gente pode se reinventar quantas vezes for preciso.”

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios

O evento também recebeu a edição estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios premiou 114 mulheres inscritas em cinco categorias: Pequenos Negócios, Microempreendedora Individual (MEI), Produtora Rural, Ciência e Tecnologia e Negócios Internacionais. 

A premiação reconhece histórias de superação e boas práticas de gestão, além de incentivar o fortalecimento de lideranças femininas no estado. As selecionadas agora participarão da etapa regional e posteriormente, da etapa nacional, em Brasília. 

Conheça as premiadas:

Pequenos Negócios:
– 1º lugar: Juliana de Araújo Braga
– 2º lugar: Wyama e Silva Medeiros
– 3º lugar: Renate Cristine de Negreiros

MEI
– 1º lugar: Maria Celina Pessoa
– 2º lugar: Maria das Vitorias da Silva
– 3º lugar: Taynan Monteiro

Produtora Rural
– 1º lugar: Inara Souza
– 2º lugar:Espedita Barreto

Ciência e Tecnologia
– 1º lugar: Karolina Celi Tavares Bezerra
– 2º lugar: Mônica Cunha
– 3º lugar: Danielle Chianca Ramalho

Negócios Internacionais
– 1º lugar: Melca Farias Vieira

Acompanhe tudo sobre:Construindo futuroshub sebrae

Mais de Negócios

Homem de 49 anos limpava carpetes, estacionava carros e vivia com US$ 3 – hoje é um CEO bilionário

O motivo por trás do fim da mais antiga empresa gaúcha — fundada há 170 anos, na era de D. Pedro II

'Não quero brigar por preço de ração', diz CEO da Petland ao anunciar loja focada em serviços

A tecnologia de Maceió que já traduziu 3 bilhões de palavras — e agora vai ser global