Loja Camicado: ideia é mais que triplicar número de lojas da rede (Divulgação)
Daniela Barbosa
Publicado em 27 de agosto de 2011 às 07h00.
São Paulo – A Camicado se prepara para começar a vender, em breve, linhas de produtos importados da Ásia, sobretudo da China. Este é um dos primeiros efeitos práticos, para os consumidores, da mudança de controle da rede de utilidades domésticas, vendida para a Lojas Renner em abril.
A estratégia não é gratuita. Embora atuem em ramos diferentes, juntas, Renner e Camicado terão maior poder de fogo para negociar a importação de produtos junto às tradings. Além disso, a Renner já possui experiência com coleções de outros países.
Segundo Adalberto Pereira dos Santos, diretor de relações com investidores da Renner, cerca de 20% dos produtos já comercializados neste ano pela varejista são importados, e boa parte dos itens vem da China. “Teremos condições muito melhores, a partir de agora, para negociar com nossos fornecedores”, disse o executivo, em entrevista a EXAME.com.
Além da China, a companhia importa também produtos da Índia, Peru, Argentina e Uruguai.
Integração
A compra da Camicado pela Renner foi fechada por 165 milhões de reais. Assim que a aquisição foi concluída, deu-se início o processo de integração das marcas. Durante as primeiras conversas, a Renner encontrou 460 planos de ação para serem colocados em práticas. Desses, 60% serão finalizados ainda em 2011. O restante deve ser concluído no próximo ano.
“Decidimos começar a integração nas áreas mais burocráticas, como financeira, comercial e administrativa. Tudo que envolve o backoffice já está concluído. Agora estamos estudando maneiras de unir as áreas de logística e nossos centros de distribuições, além de unificar os sistemas”, afirmou Santos. “A partir de setembro, os cartões Renner serão aceitos nas lojas Camicados, o que para gente é um grande avanço”, disse.
A varejista não tem a intenção de mesclar os produtos das duas bandeiras. Mas a ideia de inaugurar lojas Camicado e Renner cada vez mais próximas uma da outra é bem vista pela varejista. De acordo com Santos, haverá soma de eficiência, principalmente, por facilitar todo o processo logístico dos dois negócios.
Novo nome
No início, a Renner até cogitou acabar com a marca Camicado, mas voltou atrás, quando pesquisas mostraram se tratar de uma bandeira bem conhecida dos consumidores. “É importante que eles saibam que a Camicado tem novo dono, por isso estamos estudando batizar a marca para ‘Camicado by Renner’, mas ainda não batemos o martelo sobre isso”, disse o executivo.
Em cinco anos, o número de lojas da Camicado deve mais que triplicar. Mas, neste primeiro momento, por conta da integração, o plano de expansão será mais moderado, explica. “Se avançarmos bastante com a integração, em 2012, podemos abrir até 10 lojas ano que vem. Neste ano, vamos fechar com quatro a mais em nosso portfólio”, diz Santos. A Camicado tem atualmente 28 lojas, em sete diferentes estados.
No segundo trimestre, que incluiu os dados da Camicado a partir de maio, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou 147,6 milhões de reais, com a margem caindo de 19,7% para 20,3% em 12 meses, como consequência da integração da Camicado. A partir deste trimestre, a rede de utilidades doméstica deve contribuir para o crescimento da margem.
Com a Camicado, a Renner volta às suas origens. No início de suas operações, a varejista atuava nos segmentos de cama, mesa e banho, mas também no de linha dura. Esse filão de mercado foi saiu do foco da Rener por falta de espaços nas lojas. “Temos conhecimento nesta área. Esta aquisição vai nos permitir a fazer o negócio melhor”, avalia Santos.