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Câmbio derruba lucro da Suzano em 2010

Empresa registrou queda de 18,8% no lucro líquido anual

Suzano Papel e Celulose: No último trimestre de 2010, do total vendido de celulose (411.700 toneladas) ,18,8% foi para o Brasil (Lia Lubambo/EXAME.com)

Suzano Papel e Celulose: No último trimestre de 2010, do total vendido de celulose (411.700 toneladas) ,18,8% foi para o Brasil (Lia Lubambo/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2011 às 16h08.

São Paulo – A Suzano encerrou 2010 com um lucro líquido 18,8% inferior ao de 2009. O valor, de 769 milhões de reais, foi impactado pelo câmbio, segundo Antonio Maciel Neto, diretor-presidente e de relações com investidores da Suzano Papel e Celulose.

Ao longo de 2010, a empresa elevou sua geração de caixa. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) somou 1,7 bilhão de reais. O resultado é 47% superior ao do ano retrasado. A margem de ebitda também cresceu 8,4 pontos percentuais, encerrando o ano em 37,7%.

Essa evolução, no entanto, não foi suficiente para impedir o recuo do lucro líquido. "Essa queda teve um efeito importante da variação cambial. Quando o real se valoriza, nossa dívida em dólar aumenta, e o lucro líquido diminui", disse Maciel, em audioconferência de resultados realizada hoje (1/3). Outros resultados obtidos pela empresa não foram suficientes para compensar a variação cambial e também a implementação do padrão contábil internacional (IFRS).

A relação dívida líquida/ebitda foi de 2,0 vezes em 2010. O resultado é inferior à relação de 3,5 vezes, obtida no final de 2009. Maciel disse que essa relação pode até aumentar ao longo do ano, mas ainda assim segue inferior a 3,0  e, no final do ano, volta a um patamar próximo a 2,0 vezes. Em dezembro de 2010, a dívida líquida era de 3,421 bilhões de reais. O ebitda foi de 1,7 bilhão de reais.

Desafios

A ameaça da taxa de câmbio para as exportações continua em 2011, assim como as “importações desleais”, segundo Maciel. “Aqui no Brasil, existe essa distorção que se chama papel imune. Se o papel for para livro, cadernos, não paga imposto. Como você vai controlar?", questionou o diretor. Ainda assim, a empresa espera o crescimento da demanda por papel. "O papel cartão vai ter um bom ano de qualquer maneira. Da parte do couchê, existe uma preocupação maior (...) A nossa preocupação número um, hoje, é em relação ao papel imune", disse Maciel.

No último trimestre, foram vendidas 317.000 toneladas de papel. Do total, 53,9% foi vendido no Brasil; 16,2% na América do Sul/Central; 14,9% na América do Norte; 9,3%na Europa e 5,7% em outros mercados.

“Estamos otimistas com os preços da celulose; não vejo grandes alterações no preço de papel esse ano, a menos que tenha alguma dificuldade em suprimentos, por exemplo", disse Maciel. Na parte de insumos e embalagens, ainda existe pressão de custos. Quanto à madeira, a Suzano vai usar mais madeiras de terceiros que em 2010, e ela custa mais caro.


Perspectivas

A expectativa é que a unidade na Ásia siga como destino de cerca de 30% das exportações da Suzano. “À medida que mais fábricas entrem em operação, mais exportações para a Ásia, que é onde está o crescimento", disse o diretor-presidente.

No último trimestre de 2010, do total vendido de celulose (411.700 toneladas) , 35,9% foi para a Europa; 33,7% para a Ásia, 18,8% para o Brasil; 11,0% para a América do Norte e 0,6% para a América do Sul/Central.

Em 2011, a China continua crescendo, e a Europa já apresentou nesse início de ano volumes maiores que em 2009 enquanto os Estados Unidos começaram esse ano um pouco mais baixos que no ano passado. “As perspectivas que temos para o ano é a Ásia continuar crescendo dois dígitos, a Europa fazendo um ano melhor que ano passado, crescimento forte na América Latina e Brasil e Estados Unidos em linha, talvez não crescendo tanto”, disse Maciel

A empresa não forneceu um guidance para 2011, mas vê uma economia, no mundo, melhor que do ano passado. Como a parte de celulose tem presença menor nos Estados Unidos e maior na Europa e na Ásia e não há grandes projetos entrando em produção no mundo em 2011 e em 2012, a Suzano vê um cenário interessante nesse segmento de negócio. “Se a demanda continuar crescendo, o mercado vai seguir apertado e teremos uma perspectiva interessante de preços", disse Maciel.
 

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