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Calote da PDVSA pode prejudicar refinarias nos EUA

A estatal tenta convencer detentores de títulos a trocarem até US$ 5,325 bi em notas em circulação com vencimento em 2017 por títulos de prazo mais longo

PDVSA: o prazo final para a troca foi estendido três vezes e venceu nesta sexta-feira (Arquivo)

PDVSA: o prazo final para a troca foi estendido três vezes e venceu nesta sexta-feira (Arquivo)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 21 de outubro de 2016 às 21h36.

São Paulo -  Um possível calote da Petróleos de Venezuela causaria problemas para as refinarias da Costa do Golfo dos EUA, uma vez que o país latino-americano é o principal fornecedor de petróleo estrangeiro da região.

A PDVSA, a empresa petroleira estatal da Venezuela, tenta convencer detentores de títulos a trocarem até US$ 5,325 bilhões em notas em circulação com vencimento em 2017 por títulos de prazo mais longo com vencimento em 2020.

O prazo final para a troca foi estendido três vezes e vence nesta sexta-feira, segundo comunicado da empresa. Se os títulos não forem trocados, ficará “difícil” para a empresa realizar os pagamentos de sua dívida atual, informou a PDVSA.

Um calote não afetaria apenas os detentores de títulos, mas também fornecedores e clientes da PDVSA, e as refinarias dos EUA estarão entre as primeiras a sentirem o impacto, disse Lucas Aristizabal, diretor sênior da Fitch Ratings.

No ano passado, o país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) forneceu quase um terço de todo o petróleo importado pela Costa do Golfo dos EUA, onde está instalado o maior polo de refinarias do mundo, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA.

“Se a PDVSA der calote pode haver interrupção da oferta de petróleo para os EUA porque os credores poderão tentar aproveitar pagamentos realizados nos EUA”, disse Aristizabal em entrevista por telefone, de Chicago, nos EUA.

“Os detentores de títulos definitivamente tentarão reivindicar esses dólares”, disse ele.

A subsidiária da PDVSA Citgo Petroleum, a Phillips 66, a Valero Energy e a PBF Energy estão entre as maiores compradoras do óleo pesado venezuelano.

Uma série de refinarias da Costa do Golfo dos EUA foi reconfigurada na última década para ampliar sua capacidade de processar óleo mais barato e pesado e transformá-lo em gasolina e diesel.

É provável que a companhia mantenha o controle de seus ativos, como as refinarias na Venezuela, disse Mara Roberts, analista da BMI Research em Nova York. A história é diferente no caso do petróleo que está sendo exportado, disse ela.

“Os navios-petroleiros também podem estar em risco e aqueles que transportam petróleo venezuelano provavelmente enfrentarão ordens de arresto ao chegarem”, disse Roberts, por e-mail.

“Isso pode desencorajar a continuidade dos carregamentos da PDVSA.”

Embora o abastecimento dos EUA possa estar em risco, este pode não ser o caso de outros compradores, como a China, que emprestou cerca de US$ 45 bilhões à Venezuela na última década em troca de pagamentos em petróleo.

No caso da China, os credores teriam dificuldade no confisco dos carregamentos porque a propriedade do petróleo muda de mãos quando é colocado nos navios, disse Aristizabal.

A China freta os navios e a PDVSA paga os empréstimos carregando as embarcações.

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