Carro da Uber em Nova York (Spencer Platt/Getty Images)
Gabriel Aguiar
Publicado em 14 de abril de 2021 às 07h00.
Enquanto o Reino Unido determinou que motoristas da Uber são funcionários da empresa, nos EUA – e, mais especificamente, Califórnia – os aplicativos de transporte terão que substituir a frota de carros por opções elétricas até 2030. Pelo menos essa é a proposta do Carb, conselho que fiscaliza e regulamenta a emissão de poluentes no ar no estado norte-americano, que será decidida até maio.
De acordo com o órgão, os veículos de passeio representam um terço da produção de gases prejudiciais ao meio ambiente na Califórnia, ficando à frente da indústria pecuária e das usinas elétricas. Para tentar reduzir os danos ao ecossistema, o governador Gavin Newson anunciou o plano de proibir veículos com motor a combustão até 2035 e reduzir as emissões de poluentes em 35% no estado.
Atualmente, o local tem 763 mil elétricos circulando pelas ruas, o que representa 45% da frota de todo o país norte-americano. Nos próximos 14 anos, a previsão é de que a frota estadunidense tenha 8 milhões de carros livres de poluentes. Por sua vez, havia aproximadamente 200 mil motoristas cadastrados pela Uber somente no estado, enquanto a rival Lyft afirma ter mais de 300 mil cadastros.
Só que o maior problema dos aplicativos, de acordo com o UCS, organização de proteção ambiental nos EUA, é o aumento das emissões em relação aos veículos de passeio. Estudos indicam que o serviço pode gerar cerca de 70% mais poluentes quando transporta apenas um usuário, principalmente por conta da circulação do motorista enquanto busca os passageiros (e está sozinho no veículo).
Já nas viagens compartilhadas, como é o caso do Uber Pool, consideradas ecologicamente corretas até então, geram a mesma quantidade de poluentes de uma viagem em veículo particular. Outro detalhe é que esse serviço está indisponível – no Brasil, o Uber Juntos também foi interrompido – pelos riscos de contaminação durante a pandemia e, por enquanto, não está definido se retornará.
Se a proposta realmente for adotada na Califórnia, os aplicativos de transporte terão que percorrer pelo menos 2% da quilometragem total com veículos elétricos já em 2023, aumentando para 30% em 2026, 50% em 2027 e fechando 2030 com 90% dos trechos. Só que as empresas se adiantaram e prometeram substituir completamente as frotas até o fim da década em todo território dos EUA.
No estado de SP, o Projeto de Lei (PL) 1256/2019 previa a isenção de impostos para modelos híbridos e elétricos, além da renovação das frotas de viaturas policiais e de transporte público intermunicipal por alternativas sem emissões de poluentes. Entretanto, após aprovação dos deputados federais, o texto de Emidio de Souza (PT) foi vetado no início do mês pelo governador João Dória (PSDB).