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Cai fatia brasileira em receita de bancos de investimento

O Brasil tem uma participação de 41% do total da receita de US$ 1,89 bilhão, o menor patamar desde 2007

Dólar: leilões de hoje fazem parte da estratégia do BC de injeção diária de dólares no mercado (Susana Gonzalez/Bloomberg)

Dólar: leilões de hoje fazem parte da estratégia do BC de injeção diária de dólares no mercado (Susana Gonzalez/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2013 às 14h03.

São Paulo - Bancos como JPMorgan Chase Co. e Itaú BBA SA estão abrindo escritórios no México, na Colômbia e no Peru depois que a participação do Brasil no total de receitas latino-americanas com comissões de serviços de bancos de investimento atingiu uma baixa recorde.

A receita com a emissão de dívida e ações e assessoria de fusões e aquisições na América Latina somou US$ 1,89 bilhão neste ano até 16 de dezembro, segundo a empresa de pesquisas Dealogic, com sede em Londres.

O Brasil tem uma participação de 41 por cento do total, o menor patamar desde 2007, quando a Dealogic começou a compilar os dados. No ano passado, a fatia era de 51 por cento e a máxima foi de 63 por cento, em 2007.

“Estamos investindo bastante na região e a cada ano os países da América Latina fora do Brasil representam uma fatia maior da nossa receita total”, diz Roberto Sallouti, sócio e COO do BTG Pactual, que tem sede em São Paulo e é o maior assessor de fusões do Brasil neste ano. “Essa tendência provavelmente vai continuar nos próximos anos”.

As receitas dos bancos de investimento brasileiros caíram depois que o crescimento econômico ficou aquém das estimativas dos analistas, que o governo interveio na indústria energética e que a proximidade das eleições aumentou as preocupações de que o país possa enfrentar novos riscos políticos.

A presidente Dilma Rousseff falhou ao não oferecer um plano para interromper o uso da Petrobras para vender gasolina abaixo do custo, aumentando a especulação de que os déficits orçamentários podem se ampliar e que a classificação de crédito do Brasil pode ser rebaixada.


Crescimento do México

Com a vacilação do Brasil, o México, segundo maior mercado em receitas de bancos de investimento na América Latina, expandiu sua participação no total de receitas para um recorde de 34 por cento neste ano, contra 21 por cento em 2012.

A receita dos bancos de investimento mexicanos aumentou 64 por cento, para US$ 642 milhões até 16 de dezembro, na comparação com o ano fechado de 2012, enquanto no Brasil ela caiu 17 por cento, para US$ 782 milhões, segundo a Dealogic.

O Citigroup se recuperou da crise financeira de 2008 e tem apetite para investir na América Latina e no Brasil, disse Marcelo Marangon, chefe de serviços bancários corporativos e codiretor de investimentos bancários no Brasil.

O banco planeja criar um negócio de infraestrutura no Brasil, incluindo financiamento de projeto, empréstimo corporativo e banco de investimento.

O Bank of America Corp., segundo maior banco dos EUA, ficou em segundo lugar em comissões na América Latina fora do Brasil até 16 de dezembro, segundo a Dealogic. O banco com sede em Charlotte, Carolina do Norte, designou Alexandre Bettamio para chefiar seu negócio latino-americano em setembro.

“Nós teremos uma equipe integrada e uma abordagem coordenada de forma mais estratégica para a América Latina, que é uma das regiões fundamentais para o banco”, disse Bettamio, em entrevista no escritório da empresa, em São Paulo.


Expansão no Peru

O Itaú poderá abrir um banco no Peru em 2014 e investir R$ 395 milhões na Colômbia, onde as comissões totais saltaram 24 por cento neste ano até 16 de dezembro, para US$ 163 milhões, contra US$ 131,3 milhões em todo o ano passado.

A empresa disse em 11 de dezembro que estava em negociações para adquirir uma participação majoritária no Corpbanca SA, com sede em Santiago, o quinto maior banco do Chile.

Os riscos políticos também têm diminuído, disse Martin Marron, CEO do JPMorgan na América Latina.

“A América Latina não está mais onde costumava estar 20 anos atrás, quando o cenário econômico dos países mudava de um extremo ao outro por causa da eleição presidencial”, disse Marron.

“Mas as eleições ainda são algo em que precisamos prestar atenção, porque elas podem colocar um pouco de pimenta no cenário econômico desses países”.

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