Negócios

Cade revisa aprovação de venda da Leader

Conselheira do Cade acredita que é preciso avaliar melhor a operação de venda da Leader para Fabio Carvalho por um preço simbólico


	Carvalho, presidente da Casa&Video: aquisição da Leader será revisada pelo Cade
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Carvalho, presidente da Casa&Video: aquisição da Leader será revisada pelo Cade (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2016 às 09h21.

São Paulo - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deverá voltar a analisar o ato de concentração envolvendo a venda da rede de varejo popular Leader, anunciada em abril por preço simbólico, ao empresário Fabio Carvalho, dono da Casa & Vídeo.

O êxito da transação selaria a saída do BTG Pactual do negócio, que não decolou após a aquisição feita pelo banco, em 2013, e que ainda é tema de diversas disputas jurídicas.

Conforme despacho do Cade, publicado na última sexta-feira, a conselheira Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt afirma que, após análise de documentação, entendeu ser "pertinente a realização de instrução complementar". ,

O Cade havia aprovado, no mês passado, a operação, sem restrições. A expectativa era de que Carvalho assumisse a empresa oficialmente ainda nesta semana.

Na prática, no entanto, o empresário já vem fazendo mudanças significativas na gestão da companhia, tendo contratado a consultoria americana Alvarez & Marsal - especializada em reestruturação de negócios em dificuldades - para tocar o dia a dia do negócio. Antes de comprar a Casa & Vídeo e iniciar a carreira de empresário, Carvalho trabalhou na consultoria.

Como a Leader está em sérias dificuldades financeiras, a expectativa é que haja um movimento forte de fechamento de unidades.

O mercado também trabalha com a possibilidade de a família Seller reassumir as unidades que levam o seu nome, que estão localizadas em São Paulo, para que Carvalho e a Alvarez & Marsal se debrucem sobre as unidades da bandeira Leader, que estão, em sua maioria, em solo fluminense.

Esclarecimentos

No despacho do órgão antitruste sobre a Leader, a conselheira frisa que nenhum ofício foi enviado ao mercado, aos fornecedores e às associações de consumidores, "para ao menos o Cade entender as consequências desta operação por outros pontos de vista."

Segundo ela, é prudente que o Cade esgote suas análises de forma a "ter certeza quanto à não consumação antecipada da operação" e frisou sua preocupação com uma união prematura dos negócios, antes da aprovação do órgão.

A análise deve se focar no ato de concentração entre Leader e Casa & Vídeo, varejistas com posição importante no Rio de Janeiro e com atuação no segmento de eletrodomésticos.

Na opinião da conselheira, uma instrução complementar não deverá implicar um prejuízo entre as partes, visto que a análise que aprovou o negócio foi rápida, de apenas 20 dias, do total de 240 previstos em lei.

O anúncio da venda da Leader a Carvalho ocorreu em abril, em meio ao litígio envolvendo a empresa e os ex-donos da Seller, rede adquirida pela Leader em 2013.

A família Furlan, ex-dona da rede, ainda briga na Justiça para receber da Leader o restante do pagamento ainda não realizado (valor que seria de aproximadamente R$ 150 milhões) e pediu, mais de uma vez, falência da empresa na Justiça.

A Leader acumula ainda uma dívida de cerca de R$ 1 bilhão.

Relacionamento

A Leader não é a primeira empresa do BTG que Carvalho adquire. No ano passado, o advogado comprou a companhia de transporte marítimo Bravante. Antes disso, ele ficou conhecido pelo processo de reestruturação da Casa & Vídeo.

Procurados, BTG e Fabio Carvalho não comentaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:bancos-de-investimentoBTG PactualCadeEmpresasEmpresas abertasFusões e AquisiçõesHoldings

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico