Negócios

Cade permite que Furnas compre fatia em hidrelétrica alvo da Lava Jato

A hidrelétrica Serra do Facão foi alvo de investigações sobre possíveis crimes relacionados ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha

Cade: órgão aprovou o negócio entre Furnas e a hidrelétrica Serra do Facão sem restrições (Adriano Machado/Reuters)

Cade: órgão aprovou o negócio entre Furnas e a hidrelétrica Serra do Facão sem restrições (Adriano Machado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 23 de dezembro de 2019 às 11h17.

São Paulo - A estatal Furnas, da Eletrobras, obteve autorização do órgão de defesa da concorrência para assumir participação adicional na hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás, que chegou a ser alvo da Operação Lava Jato, por meio da aquisição de fatia detida no empreendimento pela Camargo Corrêa Investimentos em Infraestrutura (CCII).

O negócio é resultado de uma "decisão comercial estratégica" da CCII, que pretende desinvestir de sua parcela na usina "em busca de liquidez para alocação em outros projetos", segundo parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A operação foi aprovada "sem restrições" pelo órgão, de acordo com publicação no Diário Oficial da União desta segunda-feira.

O empreendimento em Goiás envolvido na transação, que não teve valores revelados pelo Cade, chegou a ser alvo de investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro em operação lançada em junho de 2017, que conferia possíveis crimes relacionados ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB).

As apurações policiais, um desdobramento da Operação Lava Jato, que descobriu um enorme esquema de corrupção envolvendo estatais e políticos no Brasil, miravam possível superfaturamento na compra por Furnas de uma participação na usina. O negócio teria sido viabilizado com apoio legislativo de Cunha, segundo a polícia declarou à época.

De acordo com o Cade, a fatia da Camargo Corrêa na hidrelétrica, de 5,46%, será adquirida pelas atuais sócias, Furnas (4,54%) e DMEE (0,93%), que exercerão direito de preferência.

"Caso qualquer delas não aporte os valores da compra no prazo avençado, a outra fica obrigada a fazê-lo."

A usina ainda tem como sócia a Alcoa, que é e continuará como acionista majoritária em termos de capital com direito a voto, uma vez que detém mais que Furnas em ações ordinárias do empreendimento, acrescentou o Cade, para quem a operação "não levanta maiores preocupações em termos concorrenciais".

A hidrelétrica Serra do Facão, com 212,58 megawatts em capacidade, está localizada no rio São Marcos. Ela iniciou operação comercial em meados de 2010.

Acompanhe tudo sobre:CadeCamargo CorrêaFurnasOperação Lava Jato

Mais de Negócios

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação