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Cade julga amanhã fusão entre Citrovita e Citrosuco

Negociação, se for aprovada, pode criar a maior empresa do mundo no segmento de suco de laranja

Ricardo Destro Júnior, engenheiro de automação industrial da Citrosuco (Raul Júnior/Você S/A)

Ricardo Destro Júnior, engenheiro de automação industrial da Citrosuco (Raul Júnior/Você S/A)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 06h38.

Ribeirão Preto e Brasília - A criação da maior empresa do mundo de suco de laranja, a partir da fusão da Citrosuco/Fischer e da Citrovita, do grupo Votorantim, será julgada na sessão ordinária de amanhã do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a última do órgão antitruste em 2011. O ato de concentração foi incluído como o 15º item da pauta, cujo início da avaliação está previsto para as 10 horas.

O relator é o conselheiro Carlos Ragazzo, o mesmo que rejeitou a operação de fusão entre Sadia e Perdigão, a qual criou a BRF Brasil Foods. A fusão, que antes do julgamento havia sido questionada pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, só foi viabilizada após um acordo entre as companhias e o Cade, que incluiu, entre outros pontos, as vendas de marcas e de fábricas.

No caso da Citrovita e da Citrosuco, a Seae, bem como a Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal (MPF) e a própria Procuradoria do Cade (Procade) não se opuserem à operação de fusão. Além disso, a união entre as duas empresas foi autorizada, em junho, pela Comissão Europeia

Se aprovada, a fusão, anunciada em 14 de maio de 2010, criará uma empresa com 45% do mercado produtor de suco de laranja no Brasil e superará a Cutrale, que detém 35%. As duas empresas terão sete fábricas, oito terminais e cinco navios, além de pomares, no Brasil e no exterior. Citrovita e Citrosuco dominarão ainda 25% do mercado mundial de suco, para onde vai 95% da produção brasileira, maior player mundial do setor.

As vendas externas da bebida somam US$ 2 bilhões, ou seja, as duas companhias devem movimentar cerca de US$ 900 milhões por ano só com as exportações. O fato de praticamente toda a bebida produzida no Brasil ser exportada favorece as duas empresas no julgamento, já que a concentração não alterará o mercado interno de suco de laranja. O mercado nacional é praticamente dominado pelo suco feito em casa a partir da fruta.

O presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, criticou a fusão e lembrou que as indústrias brasileiras de suco de laranja são investigadas desde 1996 por formação de cartel na compra da fruta. A investigação ganhou notoriedade em 2006, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a "Operação Fanta" e apreendeu documentos que comprovariam a prática. O caso está no Cade e ainda não foi julgado.

"Como uma operação de fusão pode ser julgada pelo Cade se o setor inteiro é questionado?", indagou Viegas. "Além disso, a fusão das empresas vai verticalizar ainda mais o setor e prejudicar os produtores", concluiu.

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