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Cacau Show: menos Páscoa, mais sorvete

Sentado na sala de reuniões da sede da fabricante de chocolates Cacau Show, em Itapevi, na Grande São Paulo, seu fundador, Alexandre Costa, dedica-se a abrir meia dúzia de embalagens de sorvete. É a grande novidade da companhia. Aproveita para falar sobre a composição de cada um — “este tem 20% de morango”, “aquele tem […]

ALEXANDRE COSTA: ele investe para cortar a dependência da data mais importante do ano / Fabiano Accorsi

ALEXANDRE COSTA: ele investe para cortar a dependência da data mais importante do ano / Fabiano Accorsi

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2016 às 12h39.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h27.

Sentado na sala de reuniões da sede da fabricante de chocolates Cacau Show, em Itapevi, na Grande São Paulo, seu fundador, Alexandre Costa, dedica-se a abrir meia dúzia de embalagens de sorvete. É a grande novidade da companhia. Aproveita para falar sobre a composição de cada um — “este tem 20% de morango”, “aquele tem 75% de cacau”, e por aí vai. Minutos depois, ele prova bolinhos e waffles, produtos ainda em teste pela empresa.

A Cacau Show lança mais de 100 produtos por ano. Até o ano passado, eram basicamente novos tipos de chocolate. Agora, com os sorvetes e as novas ideias, a vida está ficando ainda mais complexa. E o plano é esse mesmo. O objetivo é um só: cortar a dependência do maior sucesso de qualquer empresa de chocolate, a Páscoa.

Em 2015, a Cacau Show cresceu 10%. Suas 2.000 lojas venderam 2,8 bilhões de reais — 10% a mais do que em 2014. A indústria faturou 960 milhões de reais. Foram 250 novas lojas no ano passado. Neste ano, a meta é abrir mais 230 lojas e manter o ritmo de expansão. O problema é que cerca de 30% das vendas ainda vêm da Páscoa. Em 2016, o volume passou de 500 milhões de reais só em apenas uma semana.

É uma concentração que exige seis meses de planejamento e a contratação de 500 funcionários extras. Já foi pior – outras datas, como Natal, dia das crianças e dia dos namorados vêm ganhando força. Mas, para Costa, poderia ser muito melhor. “Minhas lojas só operam em plena capacidade mesmo durante seis dias do ano. O desafio é fazer com que lotem nos outros 358”, diz.

Com os waffles, os bolinhos, e outras novidades em estudo, Costa estuda entrar no mercado de confeitaria — o que transformaria a Cacau Show numa companhia de alimentos. A ideia é usar as 2.000 lojas da empresa no país para vender diversos tipos de doce. O maior desafio é convencer os 2.000 franqueados da empresa sobre a importância das mudanças. “Para uma empresa com tantos franqueados, qualquer mudança é muito difícil”, diz Adir Ribeiro, sócio da consultoria de varejo Praxxis.

Nos Estados Unidos, a rede de lanchonetes McDonald’s enfrentou uma série de problemas com franqueados ao implantar o café da manhã 24 horas, o que complicou a operação e deixou o atendimento mais lento, inclusive para vender hambúrgueres.

Mas ficar parado também não parece ser uma boa opção, já que a concorrência avança. A fabricante suíça de chocolates Lindt se associou à paulistana Kopenhagen e anunciou planos de abrir até 100 lojas no Brasil nos próximos anos. A própria Kopenhagen triplicou sua rede de lojas Chocolates Brasil Cacau nos últimos três anos. É competição 365 dias por ano.

(Lucas Amorim)

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