Cabify: aplicativo recomendou não falar de política com passageiros (Cabify/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 19 de outubro de 2018 às 11h27.
São Paulo – A empresa de transportes Cabify recomendou a seus motoristas brasileiros que evitem falar de política com os passageiros, para fugir de transtornos.
Em nota, a companhia diz que sugere aos motoristas “evitar tópicos sensíveis ou polêmicos que envolvam opiniões pessoais como política, futebol ou religião, durante as conversas com os usuários”.
Marcado pela polarização entre simpatizantes do candidato à presidência da República de Jair Bolsonaro (PSL) de um lado, e eleitores de Fernando Haddad (PT) do outro, as eleições de 2018 tem gerado discussões em diversos ambientes: do almoço de família ao carro do aplicativo.
O tema é alvo de polêmica e denúncias inclusive por conta do envolvimento de empresários na campanha. Reportagem publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, mostra que empresas aliadas de Bolsonaro estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp.
Além de impulsionar conteúdo nas redes sociais, outra prática dos empresários nesta corrida eleitoral é usar sua base de influência, principalmente funcionários, parceiros e seguidores nas redes sociais, para espalhar suas preferências.
A prática é legal, desde que não descambe para a coação dos funcionários. Segundo o Ministério Público do Trabalho, apenas no primeiro turno foram 120 denúncias em todo o país contra 32 empresas.
Neste clima, a recomendação da Cabify tem a vantagem de atrair para o app eleitores dos dois lados da disputa, sem distinção. A companhia de origem espanhola cresceu 20 vezes no Brasil em 2017, ano em que chegou a 3 milhões de usuários por aqui.