Tatiana Araújo, à frente da RT Source: “Não quero ser apenas uma marca de produtos. Quero criar um movimento de transformação na beleza, no qual estética, saúde e consciência caminham juntas”
Jornalista especializada em carreira, RH e negócios
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 15h41.
A determinação e a coragem sempre acompanharam a carioca Tatiana Araújo. Aos 16 anos começou a trabalhar como cabeleireira, atendendo em domicílio. Anos mais tarde, após o lançamento de sua primeira linha de produtos, um erro na escolha das embalagens comprometeu o estoque. “Perdi tudo. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, mas entendi que ou me entregava ao fracasso ou recomeçava”, lembra.
Atualmente, está à frente da RT Source, marca de cosméticos veganos que já conquistou países como Portugal, Inglaterra, França e Argentina. A expansão internacional foi impulsionada pelos alisantes, livres de formol e formulados à base de esqualano vegetal extraído do melaço da cana-de-açúcar, mas o portfólio também inclui linhas de cuidado e tratamento capilar. No Brasil, a distribuição abrange uma rede de 50 salões e pontos de venda como Magalu e Rio Bel Cosméticos. Com essa base, o faturamento anual chega a R$ 400 mil e deve triplicar este ano, alcançando R$ 1,2 milhão – avanço sustentado pelo lançamento de novas linhas e pela entrada em marketplaces como Mercado Livre e Beleza na Web.
Cabeleireira, terapeuta capilar e especialista em alisamento consciente, Tatiana sempre acreditou que o cabelo pode ser instrumento de transformação, capaz de resgatar autoestima e promover liberdade. Aos 23 anos, depois dos atendimentos residenciais e da experiência em uma rede de salões, decidiu transformar o próprio quarto em um espaço de beleza. “Não tinha muitos recursos, mas carregava um grande sonho: viver dessa área, que era o que me fazia feliz.”
Com persistência, construiu uma clientela fiel. A expansão natural levou à conquista de um ponto comercial na Zona Norte do Rio de Janeiro e à formação de equipe. Nesse momento, percebeu que precisaria ir além da técnica para continuar crescendo. “Entendi que não bastava ser boa no que fazia, eu precisava ser líder e empresária”, conta.
O divisor de águas veio na pandemia. Com os salões fechados, ela apostou no digital, oferecendo consultorias online. Também decidiu lançar sua própria linha de produtos com um aporte de R$ 650 mil, mas um erro na escolha de fornecedores gerou uma grande perda. As embalagens foram feitas com um material de qualidade inferior, comprometendo a operação: vazamento nos frascos, rótulos soltos e muitas reclamações de clientes. O prejuízo financeiro coincidiu com um burnout, que quase a afastou de vez do empreendedorismo. “Aprendi que o fundo do poço pode ser um trampolim”, diz.
Foi então que decidiu reconstruir o negócio sob novas bases. “A fé, a minha família e a certeza de que eu ainda tinha uma missão me fizeram recomeçar.
A reconstrução, segundo a empreendedora, foi um processo de humildade e visão. Ela fechou dois salões e manteve apenas um, dedicado ao alisamento. Nesse período, ao pesquisar mais sobre o mercado de cosméticos, decidiu criar uma nova marca – dessa vez com mais planejamento e preparo. Fez cursos de gestão financeira e empreendedorismo, e apostou em mentorias. Assim surgiu a RT Source, baseada no conceito de alisamento consciente. Todos os produtos são certificados pela Associação Brasileira de Veganismo, reforçando o compromisso com práticas éticas, fórmulas livres de ingredientes de origem animal e sustentabilidade.
A estratégia bem definida permitiu que a empresa chegasse ao mercado internacional, atraindo distribuidores interessados no diferencial do método de alisamento, que une resultado estético à preservação da saúde capilar. A internacionalização, no entanto, trouxe novos desafios – burocracia regulatória, adaptação de fórmulas e logística. “É difícil competir com gigantes, mas também é gratificante mostrar que uma operação brasileira pode ganhar respeito no exterior”, afirma.
O futuro será de consolidação e inovação. Além do fortalecimento do método Livre Liss – Nova Era, que promete redefinir o padrão de alisamento no Brasil, novas linhas de tratamento estão em desenvolvimento. O investimento em ciência será o principal diferencial competitivo. “Não quero ser apenas uma marca de produtos. Quero criar um movimento de transformação na beleza, no qual estética, saúde e consciência caminham juntas”, diz.
O negócio também carrega um pilar social: a formação de mulheres, com a promoção de treinamentos e programas de embaixadoras que capacitam cabeleireiras a empreender com autonomia financeira. Pesquisas reforçam a relevância dessa atuação. Segundo o Sebrae, 34% dos empreendimentos no Brasil já são liderados por mulheres, mas apenas 8% alcançam escala significativa no mercado de beleza – um setor avaliado em mais de R$ 120 bilhões no país. “Quando uma mulher prospera, muitas vidas ao redor também se transformam. Ver profissionais que antes tinham medo de empreender conquistando independência me emociona todos os dias”, finaliza Tatiana.