BYD: empresa aposta em modelos com tecnologia híbrida e movidos a bateria. (Qilai Shen/Bloomberg)
Repórter colaborador
Publicado em 19 de março de 2024 às 06h28.
Última atualização em 19 de março de 2024 às 07h19.
Apesar de enfrentar barreiras comerciais para entrar no mercado dos EUA, a montadora chinesa de carros elétricos BYD vem ganhando cada vez mais força pelo mundo.
Segundo a CNBC, enquanto a empresa tem dificuldades para se firmar nos EUA e parte da Europa, a companhia já tem fábricas em andamento na Tailândia, no Brasil, na Indonésia, na Hungria e no Uzbequistão.
Nesta segunda, a empresa anunciou um aumento no valor do investimento na fábrica de Camaçari, na Bahia, de R$ 3 bilhões para R$ 5,5 bilhões.A BYD também disse que vai construir prédios residenciais onde os funcionários poderão morar. Trata-se de um modelo que a companhia já adota em sua sede, em Shenzhen, na China. Essas moradias ficarão a 3,5 quilômetros da fábrica e terão capacidade para 4,2 mil pessoas.
No início de janeiro, segundo informações do Valor Econômico, a companhia decidiu elevar de 5 mil para 10 mil o número inicial de empregos em Camaçari. O anúncio foi feito durante o evento Brazil-China Meeting.
Na Tailândia, a montadora que sua primeira fábrica fora da China esteja em operação até o final do ano. A BYD ultrapassou a Toyota e conquistou o primeiro lugar em vendas de carros de passeio no país em janeiro, de acordo com dados da Marklines. Registro: a empresa chinesa não tinha qualquer representação na Tailândia até 2022.
De acordo com a Ernst & Young, mercado de carros elétricos no Sudeste Asiático crescerá exponencialmente, atingindo pelo menos US$ 80 bilhões por ano em vendas na próxima década. A BYD se estabeleceu na região como a marca de veículos elétricos mais vendida, conquistando mais de um terço do mercado no ano passado.
Ainda de acordo com a CNBC, o bom desempenho da BYD em mercados emergentes tem algumas explicações. Uma das vantagens da chinesa é que ela oferece uma mistura de carros híbridos e movidos a bateria. Já a Tesla, de Elon Musk, tem modelos mais caros e exclusivamente movidos a bateria - a infraestrutura para o carregamento em países em desenvolvimento continua limitada.
Pela Europa, a BYD anunciou no final do ano passado que abriria uma fábrica na Hungria e, em janeiro, disse que a produção começaria em três anos. A notícia veio num momento em que, meses antes, a União Europeia anunciou uma investigação sobre o papel dos subsídios nos carros elétricos fabricados na China.
A empresa também está olho nas Américas. Está crescendo no Brasil , inclusive já iniciou obras para construir uma fábrica na Bahia. O investimento para a construção do polo industrial é em torno de R$ 3 bilhões. Quando ficar pronto, será a maior instalação da BYD fora da China. A expectativa é que o primeiro carro seja montado ainda este ano.
A montadora também tem uma atenção especial pelo México, na fronteira com os EUA.
O governo Biden disse no mês passado que começou a investigar se os carros fabricados na China representam riscos à segurança nacional e levantou a possibilidade de restringir os veículos. A penetração dos veículos elétricos nos EUA ainda patina, apesar de ser o berço da Tesla.
Em fevereiro, a Alliance for American Manufacturing (importante entidade sindical do país) divulgou um relatório alertando que as importações chinesas poderiam ser um "causar a extinção do setor automotivo dos EUA" e pediu a Washington que bloqueasse as importações do México relativas aos carros elétricos chineses.
A BYD também está vendendo carros na Austrália, no Oriente Médio e na África e, em janeiro, anunciou o lançamento da produção em sua fábrica de propriedade conjunta no Uzbequistão.
Apesar dessa onda de expansão, a China continua sendo, de longe, o maior mercado da BYD. Dos mais de 3 milhões de veículos de passageiros que a empresa produziu no ano passado, pouco mais de 242.000 foram para o exterior.