Warren Buffett: “Seria ótimo colocar esse dinheiro para trabalhar”, disse diretor de investimentos da Wedgewood Partners (Chip Somodevilla/Staff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2017 às 17h03.
Seattle - Warren Buffett provavelmente não queria chegar a esta marca.
O conglomerado que ele comanda há mais de cinco décadas, a Berkshire Hathaway, informou na sexta-feira que tinha quase US$ 100 bilhões no caixa no fim do segundo trimestre.
O número ilustra a incrível habilidade de ganhar dinheiro dos negócios que ele trouxe para o conglomerado ao longo do tempo, mas é também um peso. Como a Berkshire não paga dividendos e raramente recompra suas ações, Buffett precisa encontrar maneiras de investir esses recursos.
“Seria ótimo colocar esse dinheiro para trabalhar”, disse David Rolfe, diretor de investimentos da gestora de recursos Wedgewood Partners, que supervisiona US$ 6 bilhões, incluindo ações da Berkshire. No entanto, “a lista de empresas das quais ele gostaria de ser dono é muito, muito pequena”.
Buffett, 86 anos, comentou sobre o acúmulo de caixa durante a assembleia anual da Berkshire em maio, afirmando que não havia se envolvido em uma aquisição há muito tempo e não deveria permitir que tanto dinheiro rendesse praticamente nada por período prolongado. O volume inclui alguns instrumentos de altíssima liquidez, como títulos do Tesouro americano.
“A pergunta é: ‘Conseguiremos usar?’”, ele colocou diante de milhares de acionistas reunidos no CenturyLink Center em Omaha, no Estado americano de Nebraska. “Eu diria que a história está do nosso lado, mas seria mais divertido se o telefone tocasse.”
Buffett não tem encontrado muitos lugares para investir. Ele acumulou gradualmente uma participação na Apple até o início deste ano. Em junho, fez duas compras menores de participação — em um fundo de investimento imobiliário e uma injeção de recursos numa combalida instituição canadense de empréstimos para compra da casa própria, a Home Capital Group.
Porém, uma transação que aconteceu no mês passado está no centro das atenções. Um braço da Berkshire fechou acordo para compra da maior empresa de eletricidade do Texas por aproximadamente US$ 9 bilhões, mas a Elliott Management, do investidor Paul Singer, questionou a transação. Sua eventual conclusão diminuiria substancialmente o caixa de Buffett.
Muitos dólares ainda vão ser despejados nesse caixa. O lucro líquido da Berkshire no segundo trimestre ficou em US$ 4,26 bilhões, 15 por cento a menos do que um ano antes, principalmente devido à contabilização de uma perda em operações de seguros. Mas diversas subsidiárias – da operadora ferroviária BNSF às muitas unidades industriais – registraram ganhos.
Os vários anos de alta nas bolsas americanas aumentaram o desafio de Buffett de encontrar novos investimentos. Com as ações batendo um recorde atrás do outro, fica mais difícil encontrar oportunidades atraentes, disse o analista Jim Shanahan, da Edward Jones. O caixa em franca expansão é também sinal da disposição de Buffett de aguardar pelas oportunidades certas.
“Não é motivo de alarme”, disse Shanahan. Nos próximos anos, o conglomerado “fará alguns investimentos muito interessantes”.
Uma correção ou até a entrada em uma fase de pessimismo nas bolsas pode acelerar os gastos da Berkshire, na opinião de Bill Smead, que supervisiona US$ 2,2 bilhões, incluindo ações da Berkshire, na Smead Capital Management.
No passado, Buffett entrou em cena quando a economia como um todo ou determinadas empresas enfrentavam problemas, permitindo a realização de investimentos em termos favoráveis.
Se isso acontecer, disse Smead, “ele está em uma posição perfeita”.