Buddha SPA: rede cria escola de formação de profissionais para seguir crescendo
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 06h06.
Na correria do dia a dia, até o mercado de relaxamento anda acelerado. O Buddha Spa, maior rede de spas urbanos da América Latina, está vendendo massagens e construindo um império do bem-estar. A empresa dobrou de tamanho desde a pandemia, faturou R$ 150 milhões em 2024 e quer acelerar ainda mais a expansão dentro e fora do Brasil.
Só em 2024, a companhia abriu 26 novas lojas e viu o faturamento crescer 51,6%. O Buddha Spa conta hoje com 127 unidades.
"Nosso crescimento já vinha forte, mas acelerou nos últimos anos. Queremos chegar a 50 novas unidades e aumentar a receita em pelo menos 40% em 2025", diz Gustavo Albanesi, CEO do Buddha Spa.
O timing para essa expansão não poderia ser melhor. O setor de bem-estar movimentou US$ 96 bilhões no Brasil nos últimos anos e representa 5% do PIB nacional. Globalmente, a expectativa é que o mercado chegue a US$ 8,5 trilhões até 2027.
A companhia também planeja atravessar a fronteira neste ano. No segundo semestre, a rede quer inaugurar sua primeira unidade fora do Brasil, em um dos quatro países onde já tem negociações avançadas: Chile, Colômbia, Guatemala ou Argentina.
"O mercado latino-americano é tão carente de spas quanto o Brasil era quando começamos. A demanda está lá, mas a profissionalização ainda é baixa", diz Albanesi.
O Buddha Spa nasceu em 2001, quando o conceito de bem-estar ainda não era algo estruturado no Brasil. Gustavo Albanesi, então no mercado financeiro, percebeu que a tendência já crescia no exterior e resolveu apostar na ideia. Em 2010, a empresa virou franquia. Na época, a rede tinha cinco unidades próprias.
Nos últimos anos, o público mudou. Antes, os clientes eram 80% mulheres acima de 45 anos e de classe A. Agora, a rede atrai um perfil mais jovem (entre 25 e 45 anos) e também classes B e C. "O conceito de bem-estar deixou de ser luxo para virar necessidade", diz o executivo.
Apesar da expansão, o setor ainda não tem um grande concorrente nacional. O mercado de spas é pulverizado, com muitas operações locais e poucos players estruturados. Isso dá ao Buddha Spa a vantagem de ocupar um espaço de marca forte e com diferencial competitivo.
A companhia opera por franquias, com 75 franqueados e um modelo de crescimento híbrido. Em algumas unidades, o franqueado é dono de 100% do negócio. Em algumas unidades, a própria rede entra como sócia majoritária, com participação entre 51% e 65%.
Outro modelo é o "store in store", com unidades dentro de hotéis e academias. A rede já fechou parceria com o Hotel Pullman, na Vila Olímpia, e com as academias Reebok.
Mas o que faz alguém escolher o Buddha Spa e não um concorrente local? Segundo Albanesi, a experiência vai além da massagem. "Não é só chegar, deitar e sair. Criamos um ritual sensorial completo: óleos essenciais, chás, música ambiente e escalda-pés", explica.
O serviço mais procurado é a massagem relaxante, que responde por 40% da demanda. O ticket médio varia entre R$ 190 e R$ 275, e há opções a partir de R$ 111 para terapias de 30 minutos.
O investimento para a abertura de uma unidade é a partir de R$ 600 mil. A rentabilidade do modelo de franquia gira em torno de 17% a 27%, com um prazo de retorno estimado entre 30 e 36 meses.
Com a expansão acelerada, um problema surgiu: não há terapeutas suficientes para atender a demanda. Segundo Albanesi, esse é o maior desafio da empresa hoje. "Se não resolvermos a formação de novos profissionais, o setor inteiro trava", diz.
Para enfrentar o problema, a rede criou o Buddha Spa College, um centro de formação profissional. Em março de 2025, será lançado um curso de massoterapia aberto ao público, sem exigência de experiência prévia. "Queremos formar novos terapeutas em três meses e abastecer o mercado com mão de obra qualificada", diz Albanesi.
Além disso, a empresa conta com uma equipe interna de recrutamento e parcerias com agências especializadas para suprir a demanda. Hoje a rede conta com cerca de 2.000 profissionais.
O Buddha Spa quer ir além das massagens e se consolidar como um ecossistema completo de bem-estar.
"O setor de bem-estar no Brasil ainda tem muito espaço para crescer. Quem conseguir oferecer qualidade, escala e experiência diferenciada vai dominar esse mercado", diz Albanesi.