Sede do BTG Pactual em São Paulo (Germano Lüders/Exame)
Bloomberg
Publicado em 5 de outubro de 2020 às 09h04.
Última atualização em 5 de outubro de 2020 às 10h16.
Quando os funcionários do Banco BTG Pactual, do mesmo grupo que controla a EXAME, eventualmente retornarem em massa ao escritório, eles terão que se familiarizar com mais de 1.000 novos rostos.
Maior banco de investimento independente da América Latina, o BTG embarcou na maior onda de contratações de sua história, mesmo com a quarentena imposta pela Covid-19 forçando o recrutamento a ser feito online, disse Mateus Carneiro, o sócio responsável por recursos humanos, em entrevista. O banco também está seguindo os pares de Wall Street ao aumentar lentamente a presença física em sua sede em São Paulo.
Desde a chegada da Covid-19 ao Brasil no início deste ano, o BTG já contratou 700 funcionários e deve contratar mais 300 até o final do ano, de acordo com Carneiro. Com isso, aumentaria o número total de funcionários em quase 40% desde o final de 2019, para cerca de 3.500.
A maior parte das novas contratações vai apoiar o mergulho do BTG no varejo financeiro, via um banco digital criado para diversificar fontes de financiamento e de receita. O esforço é semelhante à estratégia do Goldman Sachs com seu banco digital, o Marcus. Cerca de 100 dos recém-chegados na área de tecnologia vão ter funções totalmente em home office, mesmo com o fim da pandemia, uma quebra de paradigma para um banco que até o início da quarentena sequer tinha uma política de trabalho remoto, de acordo com Carneiro.
“Ainda acreditamos fortemente que ter pessoas no escritório, trocando ideias juntas, faz parte da nossa fórmula de sucesso”, disse Carneiro. “Mas isso não significa que podemos ignorar o contexto e trazer todo mundo de volta por causa disso.”
O BTG começou a aumentar gradualmente o número de funcionários no escritório, mas cerca de 80% da força de trabalho ainda está trabalhando de casa, ante um pico 95% no início deste ano. O banco planeja trazer de volta mais funcionários e pode reduzir o percentual remoto para 55%, que provavelmente será o limite até que uma vacina ou um tratamento altamente eficaz seja desenvolvido, disse Carneiro.
Algumas figuras-chave da alta administração do banco, incluindo o CEO Roberto Sallouti e André Esteves, fizeram parte do contingente de 5% que permaneceu trabalhando principalmente do escritório. Entre os que estão voltando agora estão traders das mesas de operações do banco e sua equipe de suporte, disse Carneiro.
O Brasil tem mais de 4,8 milhões de casos confirmados de coronavírus, uma das nações mais afetadas do mundo, mas o ritmo das infecções em São Paulo diminuiu. Mesmo assim, os grandes bancos privados estão divididos sobre se é hora de começar a trazer os trabalhadores de volta. Enquanto a unidade brasileira do Banco Santander já trouxe de volta a maioria de seus trabalhadores, o Itaú Unibanco vai manter os funcionários em casa até pelo menos janeiro e o Banco Bradesco não definiu uma data de retorno.
“No momento, não há como evitar o distanciamento social, então não podemos simplesmente trazer as pessoas de volta à vontade”, disse Carneiro.
--Com a colaboração de Cristiane Lucchesi.