BTG: além da linha tomada com o FGC, o BTG Pactual vendeu uma série de ativos nos últimos meses (Gustavo Kahil/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2016 às 18h51.
São Paulo - O BTG Pactual pretende quitar a linha tomada com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) tomada em dezembro após concluir a venda do controle de sua unidade suíça BSI, disse nesta quarta-feira o diretor financeiro do grupo, João Dantas.
Segundo ele, o BTG Pactual tomou cerca de 5 bilhões dos 6 bilhões de reais oferecidos pelo FGC, com parte do montante tomado sendo colaterizado por créditos, que estão sendo amortizados. "O saldo hoje é de menos da metade do que foi aprovado", disse Dantas à Reuters. "Quando concretizarmos a venda do BSI, a gente deve liquidar isso." A venda do controle do BSI para a EFG International foi anunciada em fevereiro pelo equivalente a 5,4 bilhões de reais. A estimativa é que o negócio seja concluído no início do terceiro trimestre.
Segundo o executivo, vencida a fase mais tensa dos esforços para preservar a liquidez após a prisão de seu ex-controlador e ex-presidente André Esteves em novembro passado, o BTG Pactual não vê mais uma necessidade premente de venda de ativos, visto que o grupo atingiu um nível confortável de liquidez.
Além da linha tomada com o FGC, o BTG Pactual vendeu uma série de ativos nos últimos meses, como parte dos esforços para enfrentar os desdobramentos da prisão de Esteves, sob acusação de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras.
"Chegamos num ponto em que não temos necessidade de plano específico de venda de ativos", disse Dantas. "Agora a visão estratégica é reduzir alocação em ´principal investments´ e alocar mais recursos em outras áreas de negócios". De acordo com Dantas, o BTG Pactual não visualiza obter nos próximos trimestres um resultado tão positivo da área de "sales and trading" quanto o verificado de janeiro a março, turbinado pela forte volatilidade nos mercados.
Por outro lado, outras linhas de negócios poderão ter desempenhos melhores, refletindo uma possível evolução nas expectativas de investidores com a economia brasileira, que está num nível muito baixo.
"A confiança dos empresários tende a se recuperar com o tempo, o que tende a aumentar os volumes de negócios, incluindo os de assessoria financeira", disse ele. "Devemos ter um mix de negócios mais harmônico, mais semelhante ao que foi no passado", completou.
Esteves deixou em 18 de dezembro a penitenciária Bangu 8, no Rio de Janeiro, para cumprir prisão domiciliar. O banqueiro teve a prisão domiciliar revogada em 26 de abril pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki.
Esteves, que tem negado repetidamente qualquer irregularidade, voltou ao BTG Pactual na posição de sócio sênior, focado em questões estratégicas e no desenvolvimento das operações e atividades do banco.