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BTG passa a concorrer com corretoras e bancos de varejo

Banco de investimentos lançou plataforma que permite aplicar em fundos, produtos de renda fixa e planos de previdência privada pelo celular

Investimentos: aporte mínimo em plataforma digital do BTG é de 3.000 reais (iStockphoto)

Investimentos: aporte mínimo em plataforma digital do BTG é de 3.000 reais (iStockphoto)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 29 de novembro de 2016 às 14h03.

Última atualização em 1 de dezembro de 2016 às 18h22.

São Paulo - Os bancos de varejo e as corretoras acabam de ganhar um concorrente de peso na briga por clientes dispostos a investir: o BTG Pactual.

O banco de investimentos lançou nesta terça-feira (29) uma plataforma na qual será possível aplicar em fundos, produtos de renda fixa e planos de previdência privada pelo celular.

A ideia é oferecer ao público de alta renda os mesmos investimentos que a empresa já disponibiliza para o segmento de gestão de fortunas, no qual o aporte mínimo é de 5 milhões de reais.

Até agora, o BTG só alcançava esse grupo por meio de acordos de distribuição com outros bancos. As parcerias seguem de pé.

No “BTG Pactual digital”, como foi batizado, o investimento mínimo é de 3.000 reais, que pode ser aplicado em fundos como o tradicional Yield DI e outros atrelados a títulos do Tesouro. O banco recomenda, porém, que os investidores façam aportes de pelo menos 50.000 reais.

A meta é conquistar 10% do mercado de gestão de ativos no varejo dentro de três a cinco anos. Esse nicho soma hoje 650 bilhões de reais em ativos e 6 milhões de contas.

Por enquanto, só produtos do próprio BTG serão oferecidos na plataforma. Em breve, ela deve abarcar também produtos de terceiros, mas a companhia não quis precisar quando.

O banco também não vai oferecer cheques, poupança ou seguros, ou seja, não vai competir diretamente com as instituições financeiras de varejo, mas sim “complementar os serviços com produtos de investimento mais rentáveis que a média do mercado”.

“Não vamos oferecer um portfólio tão limitado quanto o dos bancos de varejo e nem tão ‘supermercado’ quanto o das corretoras. Teremos produtos selecionados”, disse o presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti.

O investimento no projeto não foi divulgado. O BTG apenas disse que gasta 200 milhões de reais com tecnologia todos os anos.

Mentalidade de startup

Não é novidade que as chamadas fintechs, companhias iniciantes que agregam tecnologia ao setor financeiro, estão pressionando os bancos de varejo e as empresas de investimento a criar suas próprias iniciativas digitais para não perder a clientela.

Tanto é que o BTG diz que criou o braço para internet com “cara de startup”.  “Temos que ter essa mentalidade se quisermos a agilidade que esse mercado exige”, comentou Marcelo Flora, líder do BTG Pactual digital.

Segundo ele, sua missão é oferecer uma solução simples, direta e intuitiva no ambiente online. “Investimento é tudo que a gente sabe fazer. O desafio é a experiência do cliente”, afirmou.

Na prática

Os clientes do BTG Pactual digital terão autonomia para montar a própria carteira de investimentos. Não haverá gerentes dedicados, mas o banco disponibilizará consultorias por e-mail e telefone.

“Todo o atendimento será feito aqui dentro do banco. Não tem nada de call center. Temos que controlar a experiência do cliente do início ao fim”, disse Sallouti.

Ao todo, o departamento de digital tem 35 funcionários. O banco não revelou quantos deles atuarão no atendimento, nem em outras áreas, porque considera a informação estratégica.

Nova realidade

O BTG administra 70 bilhões de ativos na área de gestão de fortunas. No total, tem 116 bilhões de reais sob sua gestão e um patrimônio líquido de 24 bilhões de reais.

O último ano foi turbulento para a empesa, por conta da prisão de seu então presidente, André Esteves, em novembro do ano passado. Ele foi acusado de tentar obstruir investigação da operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras.

Com a imagem abalada e a necessidade de levantar recursos rapidamente, o banco precisou vender diversas participações em outras companhias.

Para Sallouti, no entanto, a crise já ficou no passado e não será problema na hora de atrair investidores.

“Passamos por um ‘stress test’ real, todos os nossos clientes viram o nosso comportamento no pior cenário possível. Os investimentos continuaram seguros e quem preferiu sacar (os aportes) não teve problemas. Isso está ficando cada vez mais para a história”, disse.

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