André Esteves, do BTG Pactual: depois de comprar o banco PanAmericano, é a vez de investir no varejo (Julio Bittencourt)
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2011 às 14h31.
São Paulo - O banco BTG Pactual acertou a compra de 70% da varejista fluminense Casa & Vídeo. Segundo apurou EXAME, a operação foi oficializada com a assinatura de um pré-contrato no último sábado (29/1), na sede do banco em São Paulo. Além de Fábio Carvalho, dono da Casa & Vídeo, estavam presentes na reunião Carlos Fonseca e Roberto Martins, sócios do banco, e os advogados Sérgio Sobral e Francisco Müssnich, que representam respectivamente Casa & Vídeo e BTG Pactual na transação. Procurados, banco e varejista não quiseram comentar a notícia.
Pelo documento, a Casa & Vídeo está avaliada em 600 milhões de reais. Para alcançar a fatia de 70% na empresa, o BTG fará quatro operações. Primeiro, converterá em ações debêntures da companhia emitidas pelo banco em julho do ano passado, no valor de 40 milhões de reais. Em seguida, fará um aporte de 100 milhões de reais no caixa da Casa & Vídeo. Juntas, as duas operações darão ao banco cerca de 40% da empresa. Por fim, irá adquirir uma participação de 30% na C&V Holding, que controla a Casa & Vídeo, por cerca de 100 milhões de reais. Essa é a quantia que, de fato, irá para o bolso de Fábio Carvalho, dono da empresa com 100% das ações da holding. Para compor o valor total da empresa, entrou ainda na conta a sua dívida, de 230 milhões de reais.
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A expectativa é que o contrato final seja assinado até o final de fevereiro. Este é o tempo necessário para que os advogados de ambas as empresas verifiquem os últimos termos do contrato e chequem novamente as informações da empresa. O acordo firmado entre BTG e Casa & Vídeo é basicamente o mesmo que a varejista negociou durante meses com a Lojas Americanas no ano passado e acabou não saindo. As conversas entre as duas empresas começaram em junho e a proposta da Lojas Americanas, que previa adquirir 100% da companhia, foi formalizada ainda em agosto. O negócio desandou já na assinatura final do contrato, no final de novembro.
Segundo um executivo que participou das negociações, as empresas não chegaram a um consenso sobre o valor do ajuste de capital de giro que deveria ser aplicado no contrato – o recurso é usado para evitar distorções entre o capital de giro da companhia apurado na diligência e o existente no momento da finalização do acordo. A Lojas Americanas exigiu um desconto de 50 milhões de reais acima do calculado pela Casa & Vídeo.
Ainda no comando
No acordo agora firmado entre BTG e a varejista, Fábio Carvalho seguirá como presidente da empresa. Formado em direito, Carvalho entrou para a Casa & Vídeo em janeiro de 2009, ainda como executivo da consultoria Alvarez & Marsal, especializada em reestruturação de empresas. Sua missão era traçar o plano de recuperação judicial da companhia que havia entrado em crise após a prisão dos então donos, Luigi e Attílio Milone, acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e sonegação de impostos.
A saída encontrada para salvar a empresa foi a venda de ativos, renegociação de dívidas com credores e a criação de um fundo de investimento, chamado FIP Controle, que passou a controlar a empresa. Carvalho adquiriu 66% das ações do fundo por 20 milhões de reais, numa operação financiada pelo próprio BTG Pactual (o banco abriu uma linha de crédito pessoal para o executivo). Nos meses seguintes, desembolsou outros 10 milhões de reais para comprar os outros 34% do fundo, que estavam na mão de credores. Menos de um ano depois, Carvalho está prestes a ganhar cerca de 100 milhões de reais com a empresa. E ainda manterá 30% do capital da companhia.