Além de negociar a venda da MMX com as multinacionais Glencore e Trafigura, os negociadores de Eike tentam fazer a fusão da empresa com mineradoras vizinhas do interior de MG (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de junho de 2013 às 08h08.
São Paulo - A operação de resgate da MMX, a mineradora de Eike Batista, abriu uma nova frente. Além de negociar a venda da empresa com as multinacionais Glencore e Trafigura, os negociadores de Eike tentam fazer a fusão da MMX com mineradoras vizinhas do interior de Minas Gerais, para viabilizar o projeto.
A tarefa vem sendo conduzida pela B&A, uma sociedade do banco BTG Pactual de André Esteves com o ex-presidente da Vale Roger Agnelli, que também poderia entrar como sócia na operação.
O primeiro lance ocorreu esta semana. A B&A ofereceu US$ 1 bilhão pela Minerita, da região de Serra Azul, no interior mineiro. O dono, Dílson Fonseca, recusou.
"Eu aceito vender. Só que US$ 1 bilhão é um terço do que minha empresa vale. Se for para dar, deixo para a família" , disse o empresário ao Estado. Procurados, o BTG e a B&A não quiseram se pronunciar.
O BTG Pactual, que trabalha na reestruturação e venda de participações das empresas de Eike, opera em várias frentes no caso da MMX. A alternativa dos sonhos é encontrar um comprador disposto a levar a empresa inteira, com seus ativos e dívidas.
Só que as primeiras ofertas, da suíça Glencore e da holandesa Trafigura, foram apenas pelo Porto Sudeste. O porto, localizado em Itaguaí (RJ) é o ativo mais valorizado da MMX, uma vez que a qualidade do minério de ferro de suas reservas é apenas razoável, a empresa tem problemas com licenças ambientais e ainda precisa de investimentos pesados.
As propostas da Glencore e da Trafigura ficaram muito abaixo do piso desejado por Eike, que é o valor das dívidas da empresa, de aproximadamente R$ 3 bilhões.
O esforço maior ainda é para convencer a Glencore, que este ano comprou uma fatia da mineradora brasileira Ferrous, a ampliar sua presença em minério de ferro no País e comprar a MMX. Mas há outras tentativas em curso.
Uma das ideias é tentar comprar outras mineradoras da região de Serra Azul, consolidá-las na MMX, aumentar a produção e, com o aumento da escala, melhorar o potencial da mineradora de Eike.
Essa foi a conversa que tiveram conosco, conta Fonseca, da Minerita. Mas não tenho certeza se a Minerita seria a saída. A MMX precisa de investimentos absurdos.
Esse trabalho está sendo feito por meio da B&A, que estaria avaliando outras mineradoras da região. A empresa do BTG e de Agnelli também poderia ter participação na MMX. O pacote incrementado poderia despertar mais interesse - de preferência da Glencore.
As alternativas em curso ainda têm muitos pontos em aberto, principalmente porque as negociações ocorrem em meio a uma forte pressão dos credores, aflitos por resultados rápidos. O próprio BTG, que encabeça as negociações, é um dos grandes credores de Eike.
Crise
A crise de confiança que tomou conta das empresas de Eike está completando um ano. Começou quando a OGX, do setor de óleo e gás, reconheceu que sua produção seria menor do que havia prometido.
De lá para cá o valor das empresas do grupo EBX em bolsa despencou, Eike caiu de 7º para 100° na lista de bilionários da Forbes e, nos últimos dias, fornecedores de suas empresas começaram a fazer cobranças públicas, aumentando a desconfiança em relação ao futuro das empresas X.