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Brumadinho e demanda chinesa favorecem receita das mineradoras

Em seis meses, a cotação do minério de ferro subiu quase 50%, o que deve engordar o caixa de empresas que exportam minério de ferro, como Vale e CSN

Minério de ferro da Vale: empresa teve que cortar oferta depois da tragédia de Brumadinho (Germano Lüders/Exame)

Minério de ferro da Vale: empresa teve que cortar oferta depois da tragédia de Brumadinho (Germano Lüders/Exame)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 19 de julho de 2019 às 13h00.

Última atualização em 19 de julho de 2019 às 16h22.

A cotação do minério de ferro registrou a sexta semana seguida de alta, para 122 dólares, impulsionada pela demanda chinesa aquecida e pela redução da oferta, decorrente da tragédia de Brumadinho. Neste cenário, a receita das empresas exportadoras da matéria-prima deve crescer de forma substancial.

Antes do rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro, a cotação estava em cerca de 74 dólares. No curto prazo, a expectativa é que os preços do minério de ferro continuem sustentados em níveis mais altos do que os observados até o início deste ano.

"O balanço entre a oferta e a demanda global do insumo se encontra relativamente mais apertado, considerando os problemas de fornecimento dos principais países produtores de minério de alta qualidade, Brasil e Austrália, e a manutenção da demanda aquecida no principal mercado consumidor, a China", afirma o analista de mineração da Tendências Consultoria, Felipe Beraldi.

Com a tragédia de Brumadinho, a Vale paralisou a produção em algumas de suas operações em Minas Gerais, reduzindo a oferta de minério de ferro e causando preocupação no mercado global. Com isso, os preços dispararam: no início de fevereiro, a cotação já havia ultrapassado 90 dólares a tonelada.

Além do Brasil, a Austrália também é um grande exportador do insumo. Em março, um ciclone atingiu a região de Pilbara, principal polo produtor de minério de ferro de alta qualidade no país, o que contribuiu para elevar ainda mais os preços no mercado transoceânico.

Neste momento de oferta limitada, a demanda da China - que responde pela metade do consumo global - voltou a ficar aquecida: o cenário perfeito para a alta dos preços e para a receita das mineradoras.

As prévias do mercado apontam para um crescimento de até 40% da geração de caixa (Ebitda) da Vale no segundo trimestre sobre um ano antes, para quase 6 bilhões de reais, devido à alta galopante dos preços do minério de ferro - apesar da queda de vendas físicas decorrente da tragédia em Brumadinho.

Já a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deve compensar o desempenho ruim da siderurgia com a mineração. O braço de minério de ferro da empresa deverá favorecer o Ebitda consolidado do segundo trimestre, para cerca de 2,1 bilhões de reais, alta de quase 70% sobre o registrado em igual período de 2018.

Desaceleração

Além da perspectiva de algum arrefecimento da demanda chinesa ao longo do segundo semestre, o mercado trabalha com a possibilidade de normalização parcial dos embarques australianos e brasileiros de minério de ferro, especialmente com a recuperação dos volumes produzidos na região de Carajás, no Pará.

"Os preços do minério de ferro devem voltar a apresentar tendência de queda, na margem, frente aos elevados níveis atuais", pondera Beraldi.

Segundo a Tendências Consultoria, o preço médio do minério de ferro deve ficar na casa dos 93,1 dólares por tonelada em 2019, alta de 40% sobre o registrado no ano passado.

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