Michel Lacoste: herdeiro da grife francesa quer vender sua parte no negócio (Getty Images)
Daniela Barbosa
Publicado em 30 de outubro de 2012 às 13h01.
São Paulo – Quando criou a Lacoste, grife francesa mundialmente conhecida por seus jacarés bordados em camisas polos, René Lacoste não imaginava que, oito décadas depois, seu filho e sua neta disputariam o comando da companhia a tapas e que a briga entre pai e filha poderia tirar o clã Lacoste do controle da empresa.
A grife francesa está seriamente ameaçada de mudar de dono. Em represália à manobra que levou Sophie Lacoste, sua filha, ao cargo de CEO e à presidência do conselho da companhia, Michel Lacoste ofereceu sua participação na empresa, 30,3%, à suíça Maus Frères. A Maus já concordou em comprar essa fatia. Caso isso aconteça, a empresa passará a controlar a Lacoste, pois já detém uma fatia de 35% da grife, por meio de uma controlada – a Devanlay.
Em setembro, Sophie conseguiu, com a ajuda de outros membros da família, derrubar seu pai do comando da companhia. Michel era presidente da Lacoste havia quase sete anos. Ele assumiu o posto quando seu irmão, Bernard Lacoste, ficou doente, em 2005, e precisou transferir a gestão da marca para outro herdeiro.
Hoje o controle da grife francesa é dividido em três grupos: o liderado por Sophie, que detém quase 35% do capital da empresa, o comandado por Michel, com pouco mais de 30%, e o dirigido pela suíça Devanlay, que possui mais de 35% da companhia.
Além de colocar à venda sua parte no negócio, Michel entrou também na Justiça contra a filha para conseguir destituí-la da função de presidente da Lacoste. Em entrevista recente ao jornal Le Monde, o herdeiro afirmou que Sophie não tem capacidade para tocar uma companhia de sucesso, pois nunca passou um dia de sua vida dentro de uma empresa. A nova presidente da Lacoste é atriz de teatro na França, embora tenha cursado administração na universidade.
Saída
Para o Le Monde, Michel também afirmou que a disputa familiar pela gestão da companhia não terá fim, por isso, vender sua parte no negócio poderia ser a saída para não colocar ainda mais em risco o futuro da grife francesa. De acordo com a imprensa internacional, o acordo – se fechado de fato com a Devanlay – pode valorizar a marca em mais de 1 bilhão de dólares. A empresa suíça é responsável por 60% do volume de vendas da Lacoste no mundo.
Em 2011, a Lacoste somou vendas globais de 2,1 bilhões de dólares. Com atuação em mais de 110 países, a marca emprega cerca de 20.000 pessoas direta e indiretamente no mundo todo. No próximo ano, a grife francesa completa 80 anos de existência e seu presente pode ser, quem sabe, uma nova nacionalidade: a suíça.