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Brexit leva JPMorgan a transferir centenas para países da UE

Antes do referendo, o presidente do JPMorgan avisou os funcionários no Reino Unido que até 4.000 pessoas poderiam ser realocadas com o Brexit

JPMorgan: "Vamos usar as três entidades locais que já temos na Europa como âncoras para nossas operações" (Robyn Beck/AFP)

JPMorgan: "Vamos usar as três entidades locais que já temos na Europa como âncoras para nossas operações" (Robyn Beck/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2017 às 18h01.

Dubai/Londres - O JPMorgan Chase pretende transferir centenas de profissionais que trabalham em Londres para escritórios que estão sendo expandidos em Dublin, Frankfurt e Luxemburgo, de acordo com o responsável pela área de banco de investimento da instituição, que se prepara para um futuro no qual o Reino Unido não terá acesso fácil ao mercado comum da União Europeia.

"Vamos usar as três entidades locais que já temos na Europa como âncoras para nossas operações", disse Daniel Pinto em entrevista realizada em Riad na terça-feira.

"Precisaremos transferir centenas de pessoas no curto prazo para estarmos prontos para o primeiro dia, quando as negociações terminarem, e então iremos avaliar os números de longo prazo."

Assim como o nova-iorquino JPMorgan, outros bancos globais estão se preparando para transferir algumas operações de Londres para bases novas ou expandidas dentro da UE após a primeira-ministra britânica, Theresa May, ter acionado o mecanismo formal para saída do bloco de 28 nações.

Antes do referendo em junho, o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, avisou os funcionários no Reino Unido que até 4.000 pessoas poderiam ser realocadas se o Brexit se concretizasse.

Em janeiro, ele afirmou que o número poderia ser maior ou menor, dependendo do andamento das negociações oficiais.

"Precisamos planejar para um cenário no qual não existirá acordo de passaporte entre Reino Unido e UE e precisamos mover uma parte substancial do nosso negócio para continuarmos atendendo nossos clientes europeus", afirmou Pinto.

"Vamos ter de esperar para ver que tipo de acordo poderá sair e analisaremos o que é preciso ser feito a partir daí."

À procura de escritórios

Além do JPMorgan, outros bancos já delinearam planos para o Brexit. O prazo para a saída do Reino Unido do bloco é março de 2019.

Na semana passada, o Deutsche Bank avisou que pode tirar 4.000 empregados de Londres. O Barclays informou que ativará seu plano de contingência dentro de seis meses.

O Goldman Sachs Group provavelmente começará a realocar posições no ano que vem.

Frankfurt e Dublin são os destinos favoritos. Standard Chartered e Barclays consideram ter na maior cidade da Irlanda sua base para a UE.

Goldman Sachs e Morgan Stanley estudam a capital financeira da Alemanha. Luxemburgo tem se mostrado atraente para seguradoras e gestoras de ativos.

Em 8 de março, a gigante de seguros American International Group anunciou que pretende inaugurar uma operação lá.

O JPMorgan já procura espaço em Dublin e Frankfurt, segundo reportagem publicada pela Bloomberg News em março.

O banco pode alugar de 4.600 a 14.000 metros quadrados e quer flexibilidade por parte dos proprietários dos imóveis para reduzir ou expandir a área locada, dependendo do acordo que Theresa May costurar.

Londres pode perder 10.000 vagas no setor bancário e mais 20.000 no ramo de serviços financeiros, de acordo com o instituto de pesquisas Bruegel. Outras estimativas para essa perda variam amplamente, de 4.000 a 232.000 postos de trabalho.

Separadamente, Pinto disse que está otimista em relação ao Oriente Médio e ao Norte da África, onde o banco pretende aumentar o quadro de pessoal, atualmente composto por 200 funcionários, e ampliar a atuação em processamento de pagamentos, custódia de ativos e banco de investimento.

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