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“Brechó é uma maneira de hackear o sistema capitalista”, diz Giovanna Nader

Influenciadora incentiva o uso consciente de roupas e alerta sobre o impacto negativo da moda no meio ambiente

 (Giovanna Nader/Divulgação)

(Giovanna Nader/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2022 às 07h30.

Última atualização em 25 de novembro de 2022 às 17h56.

Brasileiros estão cada vez mais interessados em brechós. Segundo dados da ferramenta de buscas do Google, as pesquisas por peças usadas cresceram 572% no Brasil entre os primeiros semestres de 2019 e de 2022.

O que é brechó?

As lojas de roupas e acessórios usados possuem produtos mais baratos, o que facilita a vida de quem quer se manter estiloso em meio a uma crise econômica, mas vai muito além disso. 

“Brechó é um conceito muito importante para o meio ambiente, além de ser mais fácil para encontrar seu estilo. Uma vez que você aprende a consumir dessa maneira, é um caminho sem volta. Ainda que seja consumo, é uma maneira de hackear o sistema capitalista”, explica a apresentadora e influencer, Giovanna Nader.  

A mineira de 36 anos, que mora no Rio de Janeiro, é autora do livro “Com que roupa? Guia prático de moda sustentável”, lançado em 2021 pela editora Paralela.  Além disso, ela produz conteúdo em suas redes sociais sobre o tema e apresenta o programa “Se Essa Roupa Fosse Minha”, no canal GNT.

O impacto da moda no meio ambiente

Um dos vídeos mais acessados do Instagram de Giovanna é sobre o deserto do Atacama, no Chile. O local se tornou um mar de roupas abandonadas, que forma um grande lixão tóxico vindo de vários países, incluindo os mais ricos como EUA, China e Reino Unido. 

“A indústria da moda é super expressiva no impacto negativo ao meio ambiente. Ela está entre as cinco que mais polui, e é responsável de 8% a 10% dos gases causadores do efeito estufa. Além disso, pelo excesso de consumo, a cada um segundo um caminhão de roupa é queimado ou descartado em lixos tóxicos, como o do deserto do Atacama”, conta a apresentadora. 

Segundo o relatório Fashion on Climate, da organização Global Fashion Agenda, em parceria com a consultoria McKinsey and Company, em 2018, as empresas do mundo da moda emitiram cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa em todo o mundo.

No Brasil, os números também emitem um alerta vermelho. Mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano no nosso país, segundo levantamento divulgado em junho deste ano pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Como tornar a moda mais sustentável?

E qual a solução? A resposta, segundo Giovanna, é reaproveitar. “A primeira coisa para ser mais sustentável é vestir roupa usada, aquela que já existe. Pode ser do guarda-roupa da mãe, da avó, das amigas e de brechós. Elas são mais baratas e não produzem energia e água para serem produzidas, pois já estão no mundo. Precisamos olhar para a moda de outra maneira, como um valor humano”, ressalta. 

“A moda circular é muito mais estilosa, pois é autêntica”

Giovanna Nader, apresentadora e influencer

A comunicadora possui um projeto chamado “Gaveta”, que em parceria com a estilista Raquel Vitti Lino, promove encontros nos quais as pessoas podem trocar, entre si, roupas que não usam mais, sem nenhum dinheiro envolvido. Ao todo, já foram 10 edições do projeto, com mais de 70.000 roupas circuladas. 

A próxima edição ainda está sem data marcada, mas os conteúdos são postados no Instagram do @projetogaveta

Como transformar a moda infantil em moda circular?

Giovanna e seu marido, o ator Gregório Duvivier, acabaram de ter a segunda filha, a pequena Celeste, de apenas dois meses. Nesta fase, é muito comum pais comprarem muitas roupas para as crianças, pois o crescimento acontece de forma rápida. Não é o caso de Giovanna e Gregório. 

“Eu não compro roupa para ela. A Celeste tem dois meses e eu faço conexão com outras mães, que vão me passando as roupas que não servem mais para seus filhos. Além disso, eu reaproveito as roupas da minha primeira filha, que hoje está com quatro anos, e as que a minha mãe guardou para mim. As roupas passaram de geração para geração, e é assim que deve ser”, afirma. 

A comunicadora acredita que comprar roupas para crianças desta idade é muito mais uma vaidade dos pais. “Não tem porquê”.  “Moda sustentável é um autoconhecimento muito melhor do que comprar a peças prontas. Cerca de 90 % do meu guarda-roupa é composto de peças de segunda mão. Eu acho que a moda circular é muito mais estilosa, pois é autêntica. Muito melhor do que comprar uma roupa nova no shopping, além de ajudar a salvar o meio ambiente”, conclui Giovanna. 

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