Braskem: no acumulado do ano, a demanda de resinas somou 4,9 milhões de toneladas, com recuo de 1% em relação a 2015 (Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 16h00.
São Paulo - Com a expectativa de melhora da economia em 2017, a Braskem espera um crescimento na faixa de 2% no ano da demanda de resinas no mercado doméstico.
"É um porcentual significativamente acima da expansão de Produto Interno Bruto (PIB) esperada, mas ainda tímido", disse o presidente da petroquímica, Fernando Musa, em teleconferência com jornalistas.
Ele lembrou ainda que, em 2016, a empresa tinha expectativa de queda muito superior do que o realizado.
A demanda de resinas (PE, PP e PVC) no mercado brasileiro, no quarto trimestre do ano passado, somou 1,2 milhão de toneladas, com expansão de 13% em relação a igual período de 2015 e uma retração de 6% ante o terceiro trimestre de 2016, em função da sazonalidade.
As vendas da Braskem no mercado doméstico de outubro a dezembro totalizaram 824 mil toneladas, com expansão de 10% na comparação anual e retração de 7% ante o terceiro trimestre de 2016.
No acumulado do ano, a demanda de resinas somou 4,9 milhões de toneladas, com recuo de 1% em relação a 2015.
Ainda na teleconferência, Musa destacou que, em 2016, a empresa obteve recordes operacionais, de vendas e de resultados financeiros.
"O desempenho foi muito forte do ponto de vista operacional", afirmou. "Nos últimos anos, a estratégia de buscar eficiência operacional das unidades tem sido muito bem-sucedida. Esse é o caminho que continuaremos perseguindo."
Perguntado sobre o acesso da empresa ao mercado de bônus, o executivo respondeu que esse mercado é constantemente avaliado.
"Temos caixa confortável e posição de alavancagem confortável também. Estamos caminhando, um passo de cada vez, para resolver as questões com a auditoria e depois veremos a questão da dívida", respondeu Musa.
Ele também citou que recentemente a petroquímica participou de um non-deal roadshow para esclarecer a investidores o impacto do acordo de leniência. Acrescentou que neste momento vê uma retomada do interesse dos investidores no Brasil em geral e na Braskem.
O presidente da Braskem disse ainda que, quando vendeu a Cetrel, ao final de 2012, a situação da petroquímica era diferente do ponto de vista da alavancagem.
Questionado em teleconferência com jornalistas sobre o que mudou de lá para cá, para que a empresa decidisse recomprar o ativo, o executivo citou o risco operacional para o polo petroquímico de Camaçari, considerando que a Odebrecht Ambiental está passando por um processo de desinvestimento.
"Isso (a possibilidade de venda da Cetrel pela Odebrecht Ambiental) levantou preocupações operacionais, dado que não havia nenhum outro participante do mercado com experiência suficiente para nos dar conforto de que haveria continuidade (de abastecimento) e baixo risco operacional. No diálogo com o Conselho de Administração, identificamos essa oportunidade", explicou Musa.
"O da Bahia é nosso maior complexo e está passando por um processo de flexibilização de matéria-prima. A Cetrel é uma empresa muito estabelecida", disse.
Em janeiro, a Braskem celebrou contrato com a Odebrecht Utilities para comprar a totalidade das ações detidas pela vendedora na Cetrel S.A., representativas de 63,7% do seu capital votante, no valor de R$ 610 milhões, que será pago na conclusão da transação.
A Cetrel é uma empresa de serviços ambientais que iniciou suas operações em 1978, juntamente com as indústrias do Polo Petroquímico de Camaçari.
Com mais de cem clientes, sendo cerca de 70% no Polo de Camaçari, a Cetrel é responsável pelo tratamento e disposição final dos efluentes e resíduos industriais, monitoramento ambiental e fornecimento de água para uso industrial da Braskem em Camaçari, cita release de resultados não auditados da Braskem.
"A Cetrel tem um papel relevante na gestão dos processos ambientais das atividades do Polo Petroquímico de Camaçari, e sua aquisição busca garantir a segurança e confiabilidade das operações industriais no referido Polo, em linha com a estratégia da Companhia de reforçar sua operação petroquímica. A conclusão da aquisição está sujeita à deliberação pela Assembleia Geral de Acionistas", cita ainda o release.
Na ocasião do anúncio do contrato de compra do ativo, analistas do mercado questionaram a estratégia por trás do negócio. A operação também gerou dúvidas de governança corporativa.
Quando vendeu o ativo para a Odebrecht Utilities ao fim de 2012, a petroquímica argumentou que pretendia focar na sua atividade principal, lembraram analistas.