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Braskem deve ter cautela no longo prazo, diz presidente

Empresa conseguiu geração de caixa recorde entre abril e junho; executivo acredita que é preciso analisar com cuidado os investimentos para os próximos anos

Braskem: a empresa lucrou 420 milhões de reais no segundo trimestre (Germano Lüders/EXAME)

Braskem: a empresa lucrou 420 milhões de reais no segundo trimestre (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2011 às 15h28.

São Paulo - Após obter geração caixa recorde no segundo trimestre, a Braskem seguirá em frente com seus atuais projetos de crescimento apesar de um cenário econômico mundial que inspira cautela na companhia, afirmou nesta quinta-feira, o presidente da maior petroquímica das Américas, Carlos Fadigas.

O ambiente de incertezas que cerca as economias de Estados Unidos e da Europa, inclusive, faz a Braskem estimar uma redução nos preços globais de matérias-primas e resinas de cerca de 5 por cento no "curtíssimo prazo" por conta das recentes quedas nos preços do petróleo e da nafta, importante matéria-prima para a petroquímica.

"No longo prazo é obrigação ter alguma cautela", afirmou Fadigas a jornalistas em São Paulo. "Antes de cada decisão vamos parar e ver o cenário... o volume de investimentos para os próximos cinco e dez anos pode sofrer alteração de um lado para o outro", disse o executivo sem especificar o volume de recursos previstos para os próximos anos.

No segundo trimestre, a Braskem teve uma geração recorde de caixa medida pelo Ebitda --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização-- de 1,152 bilhão de reais.

O saldo representa um crescimento de 11 por cento em relação ao mesmo período de 2010 e de 25 por cento ante o trimestre anterior e catapultava em mais de 8 por cento as ações da companhia nesta quinta-feira.

De acordo com a Braskem, a forte geração de caixa, foi resultado da alta dos preços de resinas e petroquímicos básicos, "em linha com o mercado internacional, compensado parcialmente pelos maiores preços de matéria-prima e apreciação do real".

A petroquímica encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de 420 milhões de reais, recuo de 57 por cento sobre o resultado obtido um ano antes, mas alta de 38 por cento sobre os três primeiros meses do ano.

Quattor 

A Braskem, que focou seu balanço em comparações contra o primeiro trimestre, havia informado no ano passado que o lucro do segundo trimestre havia sido de 45 milhões de reais. Mas no balanço divulgado nesta quinta-feira, o lucro líquido de abril a junho do ano passado aparece como 978 milhões de reais.

A vice-presidente de finanças, Marcela Drehmer, explicou que a alteração foi resultado da adoção do padrão contábil IFRS. "Um ajuste de mercado do ativo adquirido", disse ela referindo-se à incorporação da petroquímica Quattor.


Ao mesmo tempo em que tem como meta de sinergias 377 milhões de reais neste ano, a empresa adicionou outros 140 milhões em previsão de redução de custos. Fadigas explicou, porém, que não existe um segmento específico que sofrerá cortes.

"É uma quantidade grande de pequenas reduções, não se trata de despriorizar nenhuma área", disse o executivo, citando como exemplo melhorias em linhas de ônibus que atendem a empresa e incentivo para funcionários comprarem passagens aéreas com antecedência.

A companhia apurou uma receita líquida de 8,37 bilhões de reais, 24 por cento maior que no segundo trimestre do ano passado e 13 por cento superior ao faturamento do primeiro trimestre de 2011.

As vendas totais de eteno e propeno da companhia foram de 225 mil toneladas entre abril e junho, queda de 13 por cento ante o mesmo período do ano passado causada por menor disponibilidade do produto, mas alta de 8 por cento ante o primeiro trimestre. A empresa recuperou a produção de uma unidade da Bahia, fornecedora de matéria-prima, que foi atingida em fevereiro por um apagão de energia elétrica no Estado.

Linha de credito

Na última segunda-feira, a Braskem assinou a contratação de uma linha de crédito rotativo "stand by" de 250 milhões de dólares, cujo montante pode ser sacado em até cinco anos.

Segundo Marcela Drehmer, as negociações ocorreram antes da recente tensão nos mercados mundiais e a linha de crédito tem como objetivo reduzir o custo do carregamento da dívida da companhia.

Em setembro de 2010 a companhia já havia feito operação similar no valor de 350 milhões de dólares, mas com prazo de saque de até três anos. "As condições foram confirmadas mesmo com a crise", disse a executiva.

Entre bancos que participaram da operação estão o ING, Sumitomo, Bank of America Merrill Lynch e RBS.

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