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Odebrecht e Braskem pagam R$6,9 bi em acordo com EUA e Suíça

No total, o valor da multa das duas empresas é o maior, na história mundial, pago em casos de corrupção

Braskem: os valores, no entanto, serão atualizados pela Selic com o passar do tempo, já que o pagamento será parcelado (Braskem/Divulgação)

Braskem: os valores, no entanto, serão atualizados pela Selic com o passar do tempo, já que o pagamento será parcelado (Braskem/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 14h55.

Última atualização em 21 de dezembro de 2016 às 17h30.

Brasília - A força-tarefa da Lava Jato, no Paraná, e a Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgaram comunicado oficial nesta quarta-feira, 21, em que confirmam o acordo de leniência firmado com o grupo Odebrecht e com a Braskem.

Os acordos já foram homologados pela Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF), mas ainda precisarão passar pela homologação do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

No comunicado, o MPF confirma que foi realizado um acordo global, envolvendo autoridades americanas e suíças, além dos investigadores brasileiros.

A Odebrecht se obrigou a pagar R$ 3,838 bilhões de multa e a Braskem, R$ 3,131 bilhões. No total, o valor da multa das duas empresas chega a R$ 6,9 bilhões - maior valor, na história mundial, pago em casos de corrupção.

Os acordos foram negociados entre o MPF brasileiro, o MPF suíço e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Do total da multa, aproximadamente R$ 5,3 bilhões, conforme revelou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, nesta terça-feira, 20, ficarão no Brasil para ressarcir o prejuízo aos cofres públicos.

"Embora o valor central dos acordos de leniência repouse na obtenção de informações e documentos sobre práticas ilícitas, aspecto em que a colaboração das empresas é de extraordinária relevância pública, as empresas também se obrigaram ao pagamento de substanciais quantias em dinheiro às vítimas e aos cofres públicos brasileiros", ressalta o comunicado do MPF.

Os valores, no entanto, serão atualizados pela Selic com o passar do tempo, já que o pagamento será parcelado.

O MP estima que, ao final, com a soma atualizada de todas as parcelas, o pagamento corresponda a R$ 8,512 bilhões, o que equivale, segundo o comunicado, a US$ 2,5 bilhões.

O MPF não informou oficialmente o prazo de pagamento.

Segundo o Ministério Público, as empresas se comprometeram a revelar crimes praticados na Petrobras e "em outras esferas de poder, envolvendo agentes políticos de governos federal, estaduais, municipais e estrangeiros".

Os atos ilícitos eram realizados com apoio do Setor de Operações Estruturadas da empresa, conhecido como o departamento da propina.

"Além da revelação dos fatos, objetivo central da leniência, os acordos permitem a preservação das empresas e a continuidade de suas atividades, inclusive para gerar valores necessários à reparação dos ilícitos", destaca o Ministério Público Federal.

Nos acordos, as empresas se comprometem a "cessar completamente o envolvimento nos fatos ilícitos que revelaram" e também concordaram em adotar medidas para evitar a ocorrência de novos crimes no futuro.

De acordo com a Força-Tarefa, as empresas do grupo Odebrecht e a Braskem concordaram em se submeter a um monitoramento por prazo médio de dois anos, realizado com superior do MPF e pago pela empresa.

A previsão é inédita em acordos de leniência no Brasil.

No comunicado, o coordenador da Força-Tarefa, Deltan Dallagnol, afirmou que acordos como esse "multiplicam a dimensão da Lava Jato".

"Embora seu principal objetivo seja apurar condutas ilícitas e expandir as investigações, a leniência permite também às empresas signatárias, que agora passam a atuar ao lado da lei, sanear os seus passivos e retomar a capacidade de investir, contribuindo para a preservação dos empregos e a retomada da atividade econômica", afirmou o procurador, em nota.

O procurador regional da República Orlando Martello afirmou também no comunicado que há lacunas na legislação sobre esse tema e o Congresso poderia "contribuir para esse esforço fortalecendo os sistemas de compliance de empresas, aprovando normas que conduzam à responsabilização criminal de pessoas jurídicas por crimes de corrupção, formação de cartel e fraudes a licitações, tal como existe em diversos países".

Já o procurador Paulo Galvão destacou que os acordos contribuem para "uma nova cultura de negócios no setor de infraestrutura e uma nova forma de relação entre o setor privado e o setor público, melhor protegida da atuação maléfica dos cartéis e da corrupção".

A PGR e a Força-Tarefa afirmaram na nota que o combate à corrupção "é um esforço global, o que torna extremamente importante a coordenação das atividades de repressão a crimes transnacionais".

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