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Brasileiros depositaram US$ 7 bilhões em contas na Suíça

O banco HSBC abriu mais de 8,7 mil contas secretas para brasileiros no país


	HSBC: no mundo, o banco auxiliou mais de 100 mil clientes a levar para a Suíça suas fortunas, nem sempre declaradas em seus países
 (Jerome Favre/Bloomberg)

HSBC: no mundo, o banco auxiliou mais de 100 mil clientes a levar para a Suíça suas fortunas, nem sempre declaradas em seus países (Jerome Favre/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 07h30.

Genebra - O banco HSBC abriu mais de 8,7 mil contas secretas para brasileiros na Suíça, onde foram depositados US$ 7 bilhões. Os dados fazem parte de documentos bancários que revelam como a instituição teve um papel ativo em facilitar a abertura de contas, sem perguntar a origem do dinheiro e que, em muitos casos, ajudou a evadir impostos. No mundo, o banco auxiliou mais de 100 mil clientes a levar para a Suíça suas fortunas, nem sempre declaradas em seus países.

A lista desses clientes é um exemplo de como o sistema bancário do país lucrou ao manter contas de criminosos, traficantes, ditadores e milionários que optaram por não pagar impostos. Na semana passada, delatores do caso da Petrobrás indicaram que abriram 19 contas em nove bancos suíços para receber a propina.

No caso do HSBC, o Brasil aparece com destaque na lista, sendo o quarto país com maior número de clientes no ranking das nacionalidades que mais usaram o banco e as contas secretas. No total, foram mais de 8,7 mil contas ligadas a 6,6 mil brasileiros.

Entre as personalidades brasileiras estava Edmond Safra. No mundo, a lista conta com nomes como Fernando Alonso, Emilio Botin, David Bowie e Tina Turner.

A lista incluí desde traficantes de drogas, de armas, ditadores até nomes famosos do mundo da música e do esporte, num total de US$ 100 bilhões.

Os documentos são apenas uma parte do que seria o sistema bancário suíço, duramente criticado por autoridades de todo o mundo por permitir a existência de contas secretas e ser uma espécie de "buraco negro" no sistema financeiro internacional.

Os documentos foram colhidos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, rede formada por 45 veículos de comunicação do mundo inteiro, e revelam a frequência com a qual personalidades iam a Genebra para consultar suas contas e administrar suas fortunas.

O relatório foi divulgado ontem no site do consórcio e publicado por alguns jornais europeus.

No caso do Brasil, as contas registradas existem desde os anos 70 e o período avaliado vai até 2006. Na maior das contas, os documentos apontam para mais de US$ 300 milhões em apenas um nome.

Pelos documentos, porém, o que se revela é que o crime organizado sul-americano usou as contas do HSBC para lavar dinheiro da droga e não se exclui que parte das contas tinha relações com organizações criminosas.

Os papéis foram obtidos a partir de uma lista roubada dos escritórios do banco em Genebra por um ex-funcionário, Hervé Falciani, em 2008 e entregue às autoridades francesas.

Atingindo todas as partes do mundo, a lista das contas traz nomes como o de Gennady Timchenko, um bilionário russo associado ao presidente Vladimir Putin e que hoje é alvo de sanções da UE pela guerra na Ucrânia.

A lista também aponta contas em nome de assistentes do ex-presidente do Haiti, Jean Claude "Baby Doc" Duvalier, e de Rami Makhlouf, um primo e aliado do presidente da Síria, Bashar al Assad.

Em resposta ao consórcio, o HSBC reconhece que os controles sobre a origem do dinheiro no passado nem sempre foram corretos. Mas garante que, desde 2007, o banco "tomou passos significativos para implementar reformas e expulsar clientes que não atendiam aos padrões HSBC".

Segundo o banco, como resultado disso, a instituição na Suíça perdeu quase 70% de seus clientes desde 2007. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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