Negócios

Brasileiros deixando de ir a Miami é bom para o Iguatemi

Os brasileiros gastaram US$ 1,41 bilhão no exterior em maio, um terço a menos do que no mesmo mês no ano anterior, devido à desvalorização do real


	Brasileiros em Miami (EUA): as compras no exterior estão mais caras por causa da desvalorização do real frente ao dólar
 (Bia Parreiras / VOCÊ S/A)

Brasileiros em Miami (EUA): as compras no exterior estão mais caras por causa da desvalorização do real frente ao dólar (Bia Parreiras / VOCÊ S/A)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2015 às 14h10.

Os brasileiros que antes iam a Miami comprar bolsas Louis Vuitton e vestidos Chanel estão gastando seu dinheiro desvalorizado em casa, o que representa um ganho para a operadora de shoppings de luxo Iguatemi Empresa de Shopping Centers SA.

“Essa receita agora está ficando aqui e isso ajuda”, disse o CEO Carlos Jereissati.

Os brasileiros gastaram US$ 1,41 bilhão no exterior em maio, um terço a menos do que no mesmo mês no ano anterior, pois as viagens diminuíram devido à desvalorização de 42 por cento do real frente ao dólar nesses 12 meses. Para aproveitar, os investidores estão convergindo para a Iguatemi, que tem sede em São Paulo, provocando um aumento de 9,6 por cento nas ações nos últimos 12 meses – enquanto que o Ibovespa caiu 0,3 por cento –, pois sabem que os brasileiros ricos continuam querendo produtos Gucci e Cartier.

“A Iguatemi foi ajudada pela moeda porque a empresa tem shoppings de alta renda”, disse Marcelo Motta, analista do JP Morgan Chase Co., em uma entrevista por telefone, de São Paulo.

Os brasileiros estão viajando menos ao exterior e as compras que antes poderiam ter sido feitas em um passeio consumista por Nova York são realizadas no Brasil, disse Motta. Localmente, os brasileiros têm o benefício adicional de poder pagar em parcelas e de que as contas dos cartões de crédito não estão sujeitas à volatilidade cambial.

A empresa de Jereissati administra dois dos shoppings mais exclusivos de São Paulo, a cidade com o PIB mais alto do Brasil. A projeção é de que o aumento anual da receita da Iguatemi em 2015 e em 2016 seja maior do que o de rivais como Multiplan Empreendimentos Imobiliários SA, BR Malls Participações SA e Aliansce Shopping Centers SA, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Contraste acionário

Dessas quatro empresas, a Iguatemi foi a única cujas ações avançaram nos últimos 12 meses. A Multiplan, a maior administradora de shoppings do Brasil, perdeu 7,5 por cento durante esse período, a BR Malls, a segunda maior, caiu 23 por cento, e a Aliansce, a quarta colocada, recuou 19 por cento.

“O câmbio não está ajudando todo mundo”, disse Motta.

Embora a Multiplan tenha shoppings de luxo, alguns deles estão localizados no Rio de Janeiro, região que sofreu muito com a queda dos preços do combustível e com o escândalo de corrupção da Petrobras. A BR Malls e a Aliansce têm shoppings espalhados por todo o país, cujo alvo são consumidores de menor renda, que foram prejudicados pela desaceleração da economia brasileira.

O maior país da América Latina está caminhando para a pior recessão em 25 anos e o governo está cortando os gastos e aumentando as taxas de juros para conter a inflação.

Comida e diversão

Os shoppings tendem a ter um desempenho melhor do que as lojas independentes quando a economia está enfrentando dificuldades, pois além de roupas e produtos eletrônicos, eles oferecem restaurantes e instalações de lazer, de acordo com Eduardo Prado, gerente de relações com investidores da Aliansce.

“Os shoppings podem atrair o consumidor que não vai mais viajar para o exterior”, disse Prado em uma entrevista por telefone, do Rio de Janeiro.

Os restaurantes, cinemas e outros inquilinos de serviços da Iguatemi ajudam a reforçar os resultados, de acordo com a diretora financeira Cristina Betts.

“As pessoas ficam e acabam fazendo tudo aqui – elas vão ao cinema, comem nos restaurantes”, disse Betts.

A Multiplan, que também é uma incorporadora imobiliária, disse em resposta enviada por e-mail que a receita de seus shoppings aumentou 18 por cento no primeiro semestre de 2015, em comparação com 2014. A BR Malls não quis comentar.

A Iguatemi espera que as vendas comparáveis do segundo trimestre avancem cerca de 7 por cento, como nos três primeiros meses do ano, de acordo com Betts. Ela reiterou a projeção de crescimento da receita da empresa, de até 15 por cento, e a margem de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização de até 79 por cento para 2015.

Jereissati poderia aproveitar a relativa força da Iguatemi para ampliar as participações da companhia nos shoppings. Ela geralmente é dona de cerca de dois terços de seus projetos e poderia tentar adquirir a fatia dos parceiros, disse ele.

“Sempre há negociações e momentos assim são obviamente mais propícios”, disse Jereissati.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasGrupo JereissatiIguatemiMiamiShopping centersTelecomunicações

Mais de Negócios

Inscrições prorrogadas: veja como inscrever sua empresa no Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025

Com 20 minutos de trabalho por dia, jovem fatura quase meio milhão de dólares com vendas na internet

Casal investe todas as economias em negócio próprio — e fatura milhões com essa estratégia

Bamba, Kichute, Montreal, Rainha: o que aconteceu com as marcas de tênis que bombaram nos anos 80