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Brasileiros criam estação de tratamento de água portátil usada em zonas de guerra

O equipamento, produzido pela startup paulistana PWTech, permite que comunidades tornem potáveis fontes de água alternativas, como poços, rios ou água de chuva

Estação de tratamento de água: purificador levou seis meses para ser desenvolvido (d3sign/Getty Images)

Estação de tratamento de água: purificador levou seis meses para ser desenvolvido (d3sign/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 16 de março de 2024 às 11h41.

Uma startup brasileira desenvolveu um purificador de água portátil que vem sendo usado para ajuda humanitária em 20 países desde zonas de guerra até regiões remotas sem acesso à água potável. O equipamento, na prática, funciona como uma espécie de estação de tratamento de água e usa dialisadores hospitalares para filtrar partículas muito pequenas de sujeira.

Os dialisadores são usados em hospitais para filtrar resíduos no sangue de pacientes e funcionam como última barreira do purificador para evitar a contaminação da água por vírus e bactérias.

O equipamento, produzido pela startup paulistana PWTech, permite que comunidades tornem potáveis fontes de água alternativas, como poços, rios ou água de chuva. Ele pesa cerca de 20 quilos e tem o tamanho um pouco maior do que uma mala de viagem - um metro de largura e 43 centímetros de altura. O aparelho tem autonomia para filtrar até 10 mil litros de água por dia e custa cerca de R$ 15 mil.

"O equipamento estava fornecendo um litro de água por pessoa a cada dia no Haiti. Já na Ucrânia, cerca de dez litros. Depende da necessidade e da condição de cada lugar", diz Fernando Marcos Silva, CEO e um dos fundadores da startup. "No Haiti, o equipamento estava processando seis mil litros de água por dia, portanto, impactando seis mil pessoas".

A portabilidade fez com que os purificadores fossem utilizados pelo governo brasileiro para prestar assistência em regiões remotas, como terras indígenas Yanomami ou para auxílio humanitário no exterior, em locais como Haiti, Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Ele pode ser ligado diretamente à rede elétrica, por meio de geradores ou placas solares. É comum, inclusive, que o equipamento seja enviado para essas regiões junto de painéis fotovoltaicos. "A inovação está na portabilidade do equipamento" afirma Silva.

Empresa busca expandir operações com vendas para empresas

A PWTech foi fundada em 2018 e possui atualmente 20 funcionários. A startup registrou um faturamento de R$ 7,8 milhões no ano passado e busca mais do que duplicar esses números em 2024, com previsão de arrecadar R$ 20 milhões. Para isso, a companhia quer vender cada vez mais para empresas privadas, expandindo sua atuação para além da venda para órgãos governamentais.

A mineradora Vale e a empreiteira Andrade Gutierrez, por exemplo são alguns dos clientes da startup. Elas utilizam os aparelhos em regiões com pouco ou nenhum acesso à água potável, para distribuição a seus funcionários. Além de diminuir os custos com a compra de galões de água e contratação de caminhões pipa, as companhias vêm vantagens em termos de sustentabilidade, já que há diminuição nas emissões de carbono com o processo.

"O desafio para nós é criarmos o mercado. Os competidores virão depois", diz Silva, mencionando os esforços da companhia para a venda dos equipamentos para outras empresas. "O galão de 20 litros e o caminhão pipa são nossos maiores concorrentes", afirma.

Para o consultor de negócios da WIV Gestão Financeira, Vitor Moura, não há problema específico no fornecimento de equipamentos para o governo, mas a concentração das vendas com poucos clientes pode representar um risco para qualquer companhia.

"A estratégia da pequena empresa sempre tem que focar na diversificação de sua carteira de clientes para não correr riscos", afirma Moura. "Fornecer para o governo não é um risco necessariamente, se você tiver uma diversidade de carteira dentro das compras governamentais", pontua.

Equipamento levou seis meses para ser desenvolvido

O purificador da PWTech foi desenvolvido pelos engenheiros químicos Fernando Marcos Silva e Maria Helena Azevedo, fundadores da companhia, com ajuda de professores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), por meio de um acordo operacional.

Silva, que já trabalhava com a construção de sistema de tratamento de resíduos para shopping centers, havia mapeado soluções usadas no exterior para o tratamento de água com sistemas móveis. Ele buscava, porém, soluções mais portáteis e de baixo custo. Os equipamentos identificados por ele eram muito grandes ou com custo de instalação e manutenção elevados.

O purificador da marca usa elementos como cloro de piscina, filtros limpáveis e dialisadores hospitalares para fazer o tratamento da água. A autonomia antes da necessidade de troca dos filtros é de 150 mil litros. O custo para manutenção é de cerca de R$ 800.

Um dos primeiros equipamentos foi testado em uma comunidade na ilha do Bororé, localizada na represa Billings, zona Sul de São Paulo. Com o sucesso dos testes, a companhia percebeu a possibilidade de expandir e oferecer os equipamentos para o governo e empresas em uma escala maior.

Atualmente as estações de tratamento portáteis da PWTech são reconhecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um projeto para ajuda humanitária. Além disso, a companhia é considerada Empresa Estratégica de Defesa pelo Ministério da Defesa, o que permite uma melhor interlocução para a venda dos dispositivos para as Forças Armadas.

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