Ameristeel Gerdau, nos EUA: câmbio cortou em 25% valor de ativos no exterior (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
São Paulo - O presidente Lula classificou a crise financeira que assolou a economia mundial a partir de setembro de 2008 como uma "marolinha". A agora fortalecida economia nacional pode ter saído da crise antes que as principais potências mundiais, mas as seqüelas foram sentidas também pelas empresas brasileiras que investem cada vez mais em mercados estrangeiros. O resultado foi uma brusca desaceleração dos investimentos no exterior durante a crise.
A retração econômica foi sentida apenas no último trimestre de 2008, o que comprometeu pouco os resultados anuais das empresas no ano seguinte. O prolongamento da crise durante os meses seguintes em 2009, no entanto, foi determinante para a queda no desempenho das companhias.
O Ranking das Transnacionais Brasileiras, divulgado hoje (9/6) pela Fundação Dom Cabral, sobre as companhias nacionais mais internacionalizadas, mostra que as receitas vinda das operações no exterior caíram 15,7% entre os indicadores avaliados, o que pode ser parcialmente explicado pela queda na demanda mundial. Além disso, as maiores transnacionais reduziram os ativos no exterior em 12,4%, possivelmente pela venda de ativos, diminuições nas participações ou fechamento das subsidiárias que mais sofreram com a turbulência financeira.
Reflexo do câmbio
As 23 maiores transnacionais brasileiras apresentaram ainda reduções nas receitas e ativos no exterior, o que foi responsável por uma leve diminuição de seus níveis de internacionalização. "A redução aferida para receitas e ativos pode ser resultante de externalidades, como a profunda flutuação da taxa cambial entre o fechamento dos exercícios fiscais dos anos recentes", anotou a Fundação no estudo.
Há três fatores que devem ser levados em conta: 1) desvalorização do dólar e do euro, 2) diminuição dos preços dos produtos brasileiros e 3) diminuição do volume de unidades vendidas. O dólar, por exemplo, desvalorizou 25% diante do real entre os fechamentos dos exercícios fiscais de 2008 e 2009.
"Desta forma, ativos situados nos Estados Unidos (avaliados em dólares) perderam 25% de seu valor se convertidos em reais", explica a Fundação. "A variação cambial, se descontada de nossas avaliações, nos leva à conclusão que o mercado doméstico apresentou-se mais estável, e sujeito a menores oscilações, que o internacional."
Posição | Empresa | % de receitas no exterior |
---|---|---|
1 | JBS-Friboi | 84% |
2 | Suzano Papel e Celulose | 70% |
3 | Marfrig | 51% |
4 | Gerdau | 48% |
5 | Odebrecht | 46% |
6 | Ci&T Software | 37% |
7 | Metalfrio | 36% |
8 | Sabó | 34% |
9 | Vale | 33% |
10 | Ibope | 32% |
11 | Tam | 31% |
12 | Artecola | 28% |
13 | Weg | 21% |
14 | Lupatech | 20% |
15 | Tigre | 20% |
16 | Camargo Corrêa | 17% |
17 | Votorantim | 17% |
18 | Embraer | 15% |
19 | Andrade Gutierrez | 12% |
20 | Marcopolo | 12% |
21 | Bematech | 12% |
Fonte: Fundação Dom Cabral
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