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Brasil já é maior país para Cabify, que tem de táxi a helicóptero

No país desde junho de 2016, a empresa de transportes já tem 300 funcionários por aqui e mais de 200 mil motoristas cadastrados

Cabify: presente em 12 países e mais de 40 cidades, a empresa se foca na Espanha e América Latina (Cabify/Divulgação)

Cabify: presente em 12 países e mais de 40 cidades, a empresa se foca na Espanha e América Latina (Cabify/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 18 de setembro de 2017 às 11h20.

São Paulo – Um ano pode parecer pouco tempo para uma grande empresa se consolidar em um setor novo. No entanto, foi o tempo que levou para a Cabify tornar o Brasil o seu maior mercado.

No país desde junho de 2016, a empresa de transportes já tem 300 funcionários por aqui. Metade de sua equipe está espalhada em centros logísticos, usados para entrevistar e dar suporte a motoristas.

São mais de 200 mil motoristas cadastrados, entre os que já estão dirigindo e os que aguardam liberação. Como comparação, a Uber tem mais de 50 mil motoristas no Brasil (dado de outubro de 2016).

Para Daniel Velazco-Bedoya, diretor geral da Cabify no Brasil, o país é um mercado ideal para a empresa e serviços semelhantes. Segundo ele, motoristas particulares podem preencher a deficiência em transporte público e infraestrutura em mobilidade que o país sofre.

Além disso, é um país com grande densidade populacional, com muitas pessoas vivendo em grandes centros urbanos, e com alto uso de cartão de crédito - condições ideais para o crescimento da companhia.

Concorrência

A empresa chegou “atrasada” ao Brasil. A Uber já está por aqui desde 2014 e a 99, brasileira, foi criada em 2012.

Para Sam Lown, CTO e cofundador, no entanto, essa demora não é vista como um problema. Como os brasileiros já conheciam o modelo de negócios e o tipo de serviço oferecido, foi mais fácil para a empresa ingressar no mercado.

“Era um mercado que já existia e as pessoas sabiam como funcionava. Na Espanha, quando a Cabify surgiu em 2011, foi mais difícil”, afirmou ele.

Mesmo assim, ela tem um longo caminho a correr. Segundo pesquisa do Conecta-i, plataforma do Ibope Inteligência, a maior parte dos usuários anda de Uber: 54% dos entrevistados tem o aplicativo instalado. Na sequência vem a 99, com 12% de participação, seguida da Easy (5%) e Cabify (4%). Entre os brasileiros conectados à internet, 43% não usa aplicativos de transporte.

Para ganhar força para enfrentar os concorrentes, a Cabify se uniu à Easy Taxi em junho deste ano.

Sem olhar para o lado

A companhia nasceu com posicionamento de ter um serviço premium. Os carros precisam ser grandes e confortáveis e com não mais de 5 anos. Motoristas passam por reuniões e treinamentos presenciais e avaliações de histórico e teste toxicológico. Caso sua avaliação esteja caindo, passam por reciclagem.

O modelo é semelhante aos primeiros dias da Uber, que mais tarde incluiu faixas mais populares, sem tantas exigências aos carros.

Mesmo se beneficiando da concorrência, Bedoya afirma que a Cabify busca não basear seus serviços no que é oferecido pelos rivais – por isso, não deve lançar serviços mais baratos e populares. O Uber tem a modalidade UberX e o 99, serviço de táxi, também possui a opção 99Pop, de carros particulares.

"É fácil, na execução de uma operação, olhar para o lado e se desviar. Precisamos saber exatamente quem somos", disse o diretor. Por isso, ele diz que a Cabify continuará oferecendo serviços de qualidade superior.

Crescimento nas alturas

Presente em 12 países e mais de 40 cidades, a empresa se foca na Espanha e América Latina. Maior operação da companhia espanhola, o Brasil deverá servir de plataforma para a consolidação na América Latina.

"Temos uma visão clara do potencial do mercado e da atual falta de segurança e dificuldade do setor de transportes. Queremos transformar a região no nosso hub de atuação", disse Bedoya.

Para sustentar o crescimento, a empresa anunciou investimento de 200 milhões de dólares no Brasil em abril deste ano. O valor será usado principalmente na área de marketing. Melhoria de processos, de tecnologia e de qualidade também estão entre os investimentos previstos.

A companhia também está investindo em novos serviços. Lançou no início de agosto o Cabifly, serviço de helicópteros em parceria com a Voom, subsidiária da Airbus. Também criou a modalidade de táxis pretos, Cabify Cab, e a entrega de produtos por motoboys, chamada de Express.

Para o próximo ano, ela quer chegar ao Nordeste e se consolidar nas cidades em que já está presente. Está em sete cidades de São Paulo e em outras cinco capitais: Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre.

Dores de crescimento

Ainda que a empresa esteja satisfeita com o crescimento no Brasil, ela precisa enfrentar certos problemas decorrentes justamente de sua expansão.

Lown afirma que, embora a tecnologia da Cabify seja escalável, ou seja, facilmente aplicada e expandida para novas regiões, o mesmo não ocorre com a força de trabalho. Para ele, a maior dificuldade do crescimento acelerado é achar bons profissionais. Isso vale tanto para desenvolvedores e programadores quanto para motoristas.

Outro problema é a perda de foco, diz o cofundador. "Com expansão rápida, corre-se o risco de não dar a atenção devida à contratação. É essencial fazer boas contratações, desenvolver a liderança e cuidar da cultura de equipe", disse ele.

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