EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O fechamento de 415.192 empregos com carteira assinada no mercado de trabalho brasileiro em dezembro interrompeu uma sequência de 10 meses de geração líquida de vagas, reduzindo o saldo de criação de postos em 2009 para o pior resultado em seis anos.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostraram que no ano passado houve a geração líquida de 995.110 empregos, o pior resultado desde as 645.433 vagas criadas em 2003.
Havia expectativa entre analistas para um saldo negativo em dezembro, inclusive era a previsão do próprio ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, por questões sazonais. Mas o número foi ainda pior que as estimativas. Lupi, por exemplo, calculava o fechamento de cerca de 300 mil postos.
De acordo com o ministério, historicamente, o Caged registra perda de vagas em dezembro, por efeitos sazonais de entressafra agrícola, fim do ciclo escolar e encerramento dos contratos de trabalho temporários assinados ao longo do ano.
"Dezembro sempre apresenta saldo negativo, e este ano houve um esvaziamento depois de quatro meses gerando empregos acima da média histórica", afirmou Lupi. Ele admitiu, contudo, que não esperava uma queda tão grande.
"Os dados do Caged surpreenderam para baixo, especialmente considerando a indicação do ministro do Trabalho (de corte de 300 mil)", citou Diego Donadio, analista sênior do BNP Paribas, em São Paulo. "É um número muito inferior em comparação com a média trimestral até novembro de 220 mil empregos criados."
Na visão de Marcelo Salomon, economista-chefe do Barclay Capital no Brasil, mais do que riscos para a recuperação brasileira, os dados apontam para uma moderação do crescimento.
Em dezembro, a indústria foi o setor que mais demitiu com a perda de 166.040 vagas. O único setor que contratou foi o comércio, com 10.598 novos postos. No ano, o destaque de contratações foi o segmento de serviços, seguido pelo comércio e pela indústria. A agricultura foi o único setor a registrar demissões no acumulado de 2009.
DOIS MILHÕES DE EMPREGOS EM 2010
Lupi não mudou sua projeção para a criação de empregos este ano de 2 milhões de postos, e prevê retorno da criação de vagas em janeiro, quando o saldo positivo deve ficar em 100 mil vagas. Ele prevê que indústria de transformação será, ao lado do setor de serviços, o grande gerador de empregos em 2010.
"Teremos o melhor ano da história em número de empregos gerados, uma prova do sucesso das políticas públicas econômicas e sociais. Aos críticos, peço que esqueçam ideologia política e partidária e olhem para os números: o Brasil está crescendo com economia forte e gerando cada vez mais empregos."
(Reportagem de Raymond Colitt)