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Brasil entra na rota dos carros de luxo

Em menos de 20 dias, três fabricantes alemãs anunciaram investimentos de R$ 1,52 bilhão em novas fábricas


	Logos da BMW em uma linha de produção: essa fila foi puxada pela também alemã BMW, que há um ano decidiu instalar sua primeira fábrica local, em Santa Catarina
 (Michaela Rehle/Reuters)

Logos da BMW em uma linha de produção: essa fila foi puxada pela também alemã BMW, que há um ano decidiu instalar sua primeira fábrica local, em Santa Catarina (Michaela Rehle/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2013 às 09h01.

São Paulo - A nova leva de fabricantes de veículos que chega ao país, numa nova onda de investimentos do setor, coloca o Brasil no mapa da produção de carros da categoria premium, com maior conteúdo tecnológico, segmento hoje atendido em grande parte por importados. Também vai deixar o mercado brasileiro mais próximo do mundial, com os chamados carros globais, produzidos e vendidos em várias partes do mundo, com peculiaridades locais.

Em menos de 20 dias, três fabricantes alemãs anunciaram investimentos de R$ 1,52 bilhão em novas fábricas (Audi e Mercedes-Benz) e ampliação de instalações (Volkswagen). Os três projetos são para produzir modelos considerados de luxo para o padrão brasileiro.

Essa fila foi puxada pela também alemã BMW, que há um ano decidiu instalar sua primeira fábrica local, em Santa Catarina. E não vai parar por aí. Nas próximas semanas, a Land Rover deve anunciar produção local, provavelmente no Rio de Janeiro. A empresa produz utilitários premium.

No grupo das fabricantes de carros de luxo, só a BMW de fato estreia no Brasil. Audi, Mercedes-Benz e Land Rover já tiveram fábricas locais - instaladas nos anos 90 durante a segunda onda de investimentos no País -, mas fecharam as portas. Naquele período, também chegaram Renault, Nissan, Toyota, Honda, Peugeot e Citroën.

“Houve erros estratégicos naquela época”, opina Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil. “Hoje, o País está preparado para o mercado de luxo.” Além do programa Inovar-Auto, do governo federal, que taxa as importações e dá incentivos à nacionalização, o executivo cita como atrativos o crescimento da renda dos brasileiros e as boas perspectivas para a economia local.

Schmall ressalta ainda a estabilidade macroeconômica, que dá mais segurança aos investidores, ainda que o momento atual não seja tão favorável. As vendas de veículos caíram nos últimos dois meses e, no ano, está praticamente empatada com os números de 2012, com 2,78 milhões de unidades.

A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de um crescimento de 3,5% a 4,5% em relação aos 3,8 milhões de veículos vendidos no ano passado foi revista para 1% a 2%. “Ainda assim teremos recorde de vendas”, afirma Luiz Moan, presidente da entidade.

Segundo Moan, “tudo indica um futuro muito bom para a economia brasileira e para o setor automotivo”. Ele prevê vendas de 4,5 milhões de veículos em 2017 e produção superior a 5 milhões. As novas fábricas e a ampliação das atuais vão adicionar 1,4 milhão de veículos à atual capacidade produtiva, de 4,3 milhões de unidades.

Em agosto, a Honda também anunciou investimentos de R$ 1 bilhão para uma segunda fábrica no País, em Itirapina (SP), inicialmente para a produção de um utilitário compacto premium. Estão em construção no País, para inaugurações em 2014 e 2015, instalações da Fiat (Goiana/PE), Nissan (Resende/RJ), JAC Motors (Camaçari/BA) e Chery (Jacareí/SP).

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Todas as novas fábricas vão produzir veículos globais. Hoje, poucos produtos têm esse selo, como o novo Fiesta e o EcoSport, da Ford. A maioria dos produtos nacionais é de modelos vendidos só no Brasil, inclusive os campeões de venda Gol (Volks), Uno e Palio (Fiat).

Segundo o sócio da consultoria PriceWaterhouseCoopers (PWC), Marcelo Cioffi, para concorrer no mercado internacional, todas as empresas precisam trabalhar com plataformas globais, em busca da redução de custos e maior escala. “Dificilmente hoje uma fabricante terá estratégia apenas local.”

Cioffi acredita que o aumento da renda e o maior acesso ao crédito vão levar a um crescimento de vendas no segmento de carros mais sofisticados (na faixa de R$ 100 mil), o que não significará o fim dos chamados populares. “O Brasil vai continuar sendo um mercado de carros de entrada, compactos, mas também terá um crescente mercado de carros mais caros.”

Carros com motor 1.0 representavam 70% das vendas em 2001. Hoje, a participação é de 40%. Nos últimos dez anos, as grandes montadoras direcionaram a produção de veículos mais sofisticados para Argentina e México, quadro que se altera com os novos projetos.

Com a produção do novo Golf, a Volks passará a ser, por enquanto, a única a ter um carro global “premium” e um do segmento de entrada (o compacto up!, que deverá ser feito em Taubaté). Em poucos anos, todos os modelos da marca serão globais, diz Schmall. A Ford promete o mesmo para 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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