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Brasil é um dos países mais caros para comprar roupas da Zara no mundo

Roupas da Zara são mais de duas vezes mais caras no Brasil do que nos EUA, segundo Índice Zara, do BTG

Ajustando os preços praticados na Zara Brasil em relação ao poder de compra, pode ser até 132% mais caro comprar no Brasil do que nos Estados Unidos. (Alexander Joe/AFP/AFP)

Ajustando os preços praticados na Zara Brasil em relação ao poder de compra, pode ser até 132% mais caro comprar no Brasil do que nos Estados Unidos. (Alexander Joe/AFP/AFP)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 11h36.

As mesmas peças de roupa como blazer, minissaia, vestido ou camiseta da Zara podem sair muito mais caras no Brasil do que nos Estados Unidos. A mesma cesta de compras no Brasil sai 4% mais caro em dólares do que no país americano, de acordo com o Índice Zara, pesquisa feita anualmente pelo banco BTG Pactual. É o sétimo país mais caro do mundo para comprar roupas, segundo essa avaliação. 

No ano passado, a Zara Brasil tinha preços 6% acima dos praticados nos Estados Unidos. Já esse ano, os preços estão 4% acima. A diferença se manteve ainda que o real tenha se desvalorizado 24% em relação ao dólar - a moeda que mais perdeu valor em um total de 36 analisadas. Em 2014, os preços da Zara Brasil eram os maiores do mundo, 21,5% mais caros que os preços nos Estados Unidos, tidos como o índice padrão nessa pesquisa.

A diferença pode ser ainda maior. Ajustando os preços praticados na Zara Brasil em relação ao poder de compra, pode ser até 132% mais caro comprar no Brasil do que nos Estados Unidos. Os países mais caros para se comprar roupa da Zara no mundo são o Vietnã, Tailândia, Turquia, Índia, Rússia e África do Sul, seguida do Brasil

A pesquisa compara 12 itens em lojas da Zara em 50 países para determinar o poder de compra dos consumidores em cada região - no ano passado, apenas 47 países foram analisados. 

Desafios para o futuro da moda

Além dos preços altos, a indústria da moda ainda irá enfrentar grandes desafios este ano, segundo avaliação do banco. O mercado de roupas mudou de forma drástica com a pandemia. Com o trabalho remoto, a necessidade de comprar roupas novas diminuiu.

Além disso, o meio digital passou a ser mais usado para comprar peças de roupa, canal que no país representava apenas 5,4% das vendas totais em 2019. No Brasil, esse mercado teve apenas um mês de crescimento contra o ano anterior em 2020 desde o início da pandemia.

A consultoria McKinsey estima que os lucros do setor de moda no mundo caíram 93% durante o ano passado.

No longo prazo, porém, a expectativa é que o mercado continue crescendo. De 2015 a 2032, a produção deve crescer pouco, de 1,84 milhão de toneladas para 2,14 milhões de toneladas de tecido - 16% a mais. O valor desse mercado, porém, deve crescer em ritmo mais acelerado, de 40,6 bilhões de reais para 59,1 bilhões de reais, alta de 45,6%.

No varejo, as vendas devem chegar a 6,8 bilhões de peças em 2032, ante 5 bilhões de peças no ano passado. A estimativa do banco BTG é que o faturamento do varejo de moda chegue a 254,7 bilhões de reais em 2032. 

E as ações?

Em 2021, a recuperação do mercado de moda ainda deve ser gradual. Outro fator que merece atenção é o possível fim do auxílio emergencial, o que pode afetar o consumo em diversos setores, dos supermercados ao varejo de moda. 

Além disso, as ações de varejistas como Renner, C&A, Marisa e Arezzo estão caras. Para entender o valor médio de empresas de moda na bolsa de valores, o banco compara o preço da ação ante seus lucros. Na média, esse múltiplo estará em 32 vezes em 2021, estima o banco, ante 22 na média de 2017. 

"Argumentamos que a valorização do varejo de moda no Brasil não está barata, e o fim do Coronavoucher deve significar uma pressão adicional na renda disponível esse ano, que tem uma grande correlação com vendas no varejo, apesar de um efeito ainda presente do auxílio emergencial dos primeiros meses de 2021", escreve o banco em relatório.

 

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