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Brasil ampliará metas climáticas na COP26, diz negociador

O Brasil apresentará formalmente ao secretariado do Acordo de Paris seu compromisso de adiantar de 2060 para 2050 sua meta de neutralidade de carbono, ou zerar as emissões de gás, disse ele

Bruno Kelly/Reuters (Bruno Kelly/Reuters)

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Reuters

Publicado em 26 de outubro de 2021 às 17h42.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 12h54.

O Brasil ampliará suas metas do Acordo de Paris na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), em busca de recuperar a credibilidade para suas políticas ambientais e a gestão da floresta amazônica, disse o principal diplomata do país para as conversas climáticas em entrevista à Reuters.

"O que eu peço a todos é o benefício da dúvida e que olhem para o Brasil de modo mais prospectivo e não retroativo", disse o embaixador Paulino de Carvalho Neto, secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores, antes de seguir para a COP26, que começa em Glasgow no domingo.

O Brasil apresentará formalmente ao secretariado do Acordo de Paris seu compromisso de adiantar de 2060 para 2050 sua meta de neutralidade de carbono, ou zerar as emissões de gás, disse ele.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que comandará a delegação brasileira, deve elevar de 43% para 45% a meta de reduzir as emissões até 2030 na comparação com os níveis de 2005.

Na segunda-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o Brasil almeja acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia dois ou três anos antes do prazo de 2030 prometido pelo presidente Jair Bolsonaro na cúpula do Dia da Terra, em abril.

"Houve uma inflexão, uma mudança, não só em nosso discurso, mas em nossas ações e especificamente no desmatamento", disse Carvalho Neto em entrevista na segunda-feira.

Ele disse que o governo aumentou o orçamento para tal enfrentamento, o que ajudará a cumprir as metas climáticas porque a destruição da maior floresta tropical do mundo é um grande catalisador das emissões de dióxido de carbono do Brasil.

"Se nós combatermos seriamente e conseguirmos atingir os resultados que queremos, nós vamos seguramente, até com facilidade, cumprir nossas metas e o Acordo de Paris", disse o embaixador, referindo-se às metas individuais do país para a redução de emissões.

Bolsonaro, um cético da mudança climática que tem o apoio de poderosos interesses do agronegócio, enfrenta críticas de ativistas ambientais e alguns líderes mundiais pelo aumento do desmatamento no Brasil desde que ele tomou posse.

Ele defende o aumento da mineração e da agricultura comercial na Amazônia, inclusive em terras indígenas protegidas.

Embora os incêndios florestais na Amazônia tenham diminuído significativamente este ano, há muito mais desmatamento do que antes de Bolsonaro assumir o cargo e enfraquecer a política de fiscalização ambiental.

O desmatamento da Amazônia brasileira está próximo do recorde em 12 anos, com redução de menos de 1% até setembro deste ano na comparação com os primeiros nove meses de 2020.

Ainda que pequena, a melhoria levou a uma retomada das conversas climáticas com os Estados Unidos, que dependiam de o Brasil mostrar um avanço no combate ao desmatamento ilegal. Carvalho Neto se encontrou brevemente com o enviado do clima norte-americano, John Kerry, em Milão, neste mês, durante uma reunião preparatória da COP26.

Diplomatas europeus também reconhecem uma mudança de atitude de ministros brasileiros envolvidos em questões ligadas à mudança climática e até nos discursos do presidente Jair Bolsonaro.

“Eles aceitaram que o desmatamento é um problema e afeta diretamente seus alvos no combate às mudanças climáticas”, disse Ignacio Ybañez, embaixador da União Europeia em Brasília. "Mas ainda temos que ver resultados concretos. Ainda não chegamos lá."

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