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Bradesco prevê retorno menor devido à queda do spread bancário

A saída para compensar a redução dos ganhos com spread é aumentar a base de clientes. Para isso, o banco digital Next tem papel fundamental

Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco: banco vai fechar 300 agências no ano que vem (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco: banco vai fechar 300 agências no ano que vem (Patricia Monteiro/Bloomberg)

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Natália Flach

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 11h32.

Última atualização em 31 de outubro de 2019 às 11h33.

São Paulo - A redução da taxa básica de juros da economia mexe não apenas com o bolso dos brasileiros, mas também com o resultado dos bancos. Com a Selic no menor patamar da história, de 5% ao ano, instituições, como o Bradesco, tendem a comprimir as taxas cobradas dos clientes, diminuindo assim o seu retorno. Não à toa, o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, prevê que o retorno sobre patrimônio líquido (ROAE, na sigla em inglês) caia em relação ao percentual obtido no terceiro trimestre, de 20,2%.

"Com a manutenção dos juros baixos, podemos ver redução dos retornos pela queda dos spreads (diferença entre o valor do dinheiro que o banco pega emprestado e o juro que ele cobra dos clientes nos financiamentos)", afirma em conversa com jornalistas na manhã desta quinta-feira (31). Ele não indica quanto, mas essa tendência já é visível nos resultados. No primeiro trimestre do ano, o ROAE ficou em 20,5% e no segundo, em 20,6%. Agora, chegou a 20,2%.

Na mesma linha, o spread bruto do banco saiu de 11% no terceiro trimestre de 2018 para 10,5% no mesmo período de 2019. E, como o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou as portas abertas para mais um corte na Selic, há possibilidade de que esse processo continue. "Sabemos que há um novo corte de juros já contratado, o que deve levar o país a um juro real de 1%", calcula.

Nesse sentido, se não dá para se fiar no spread, a saída do Bradesco será ganhar em volume. Ou seja, em número de clientes. Para isso, o banco digital do grupo, o Next, tem papel fundamental: já alcançou 1,5 milhão de correntistas e a expectativa é que encerre o ano na casa dos 2 milhões. "Assim, se vier um crescimento do produto interno bruto de 3% ou 4% no ano que vem, veremos aumento da procura por crédito", diz Lazari Junior.

A carteira de crédito para pessoa física aumentou em 19% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 221 bilhões de reais. O destaque foi o segmento de crédito pessoal que cresceu 36% no intervalo, apesar de representar uma carteira pequena diante das demais oferecidas pelo banco. É nessa linha, aliás, que Lazari Junior vê espaço para novas quedas de juros. "Fomos os primeiros a reduzir as taxas no financiamento imobiliário e os juros do consignado já estão baixos", comenta. Ele lembra que no crédito pessoal as taxas são dadas a partir do perfil de risco do tomador e do histórico do relacionamento do cliente com o banco.

Já o crescimento da carteira de crédito voltada para grandes empresas deve ficar para o ano que vem, já que foi impactado pela "demora" da aprovação da reforma da Previdência, segundo Lazari Junior. "Esperávamos que fosse aprovada no primeiro trimestre do ano, mas acabou escorregando para agora e será finalizada em meados de novembro. Daí, entrando novas reformas como a tributária, a nossa expectativa é de crescimento maior em 2020."

Menos agências

O Bradesco vai fechar 300 agências bancárias no ano que vem. O que vai determinar a escolha das unidades fechadas é o número de clientes atendidos em cada uma delas - e consequentemente a receita gerada - e a possibilidade de transferir os correntistas para agências próximas.

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