Bradesco: banco prevê uma expansão da carteira de crédito neste ano e, de forma mais significativa, em 2019 (Adriano Machado/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de abril de 2018 às 14h47.
Última atualização em 4 de abril de 2018 às 14h53.
São Paulo - As taxas de juros estruturalmente mais baixas trarão possibilidade para expansão da carteira de crédito. Para isso, uma das necessidades é a realização de reformas no País, em especial a da Previdência, que dará o pano de fundo para que os juros no Brasil se mantenham baixos por um longo período, disse nesta quarta-feira, 4, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, em seu primeiro discurso público à frente do banco, durante o 5º Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI.
Tal cenário, juntamente com as medidas do Banco Central (BC) para dar suporte para a queda dos spreads (diferença de preço que o banco capta para aquele em que ele empresta), permitirá, segundo Lazari, a redução do custo do crédito.
Ele citou ainda que o birô de crédito, o aprimoramento da lei da Recuperação Judicial, a criação do Cadastro Positivo, por exemplo, serão ainda ferramentas para redução do custo do crédito no Brasil. "Haverá espaço para precificar mais corretamente o risco de crédito", disse.
Lazari disse que o Bradesco está com o foco voltado para o crescimento do crédito e dos negócios. "O imperativo é ganhar escala, nesse jogo é preciso ganhar escala", afirmou. Segundo ele, o Bradesco possui forte presença em pequenas e médias empresas e parte significativa desses clientes sofreu mais do que a média no período de crise econômica no Brasil.
Dessa forma, o banco deve crescer também mais à medida que a recuperação for ocorrendo. "Estamos em 3,2 mil cidades onde o Bradesco é o único banco privado e isso vai fazer a diferença para nós", destacou.
Lazari disse que a carteira de crédito total do Bradesco deve crescer em torno de 5%, mas que os segmentos de pessoas físicas e de pequenas e médias empresas devem avançar mais. Por outro lado, o crédito para grandes empresas deverá crescer menos. "Elas ainda não iniciaram a fase de investimentos, mas as conversas já começaram", disse o presidente do Bradesco, admitindo que a demanda por crédito por parte das empresas ainda é baixa.
Lazari afirmou que o mercado de seguros, apesar do crescimento dos prêmios nos últimos anos, ainda está abaixo do seu potencial diante do porte da economia brasileira. "O mercado de seguros poderia ter crescido muito mais nos últimos anos não fosse a crise no País, mas vemos oportunidades de crescimento nos ramos de seguro de vida, previdência e saúde e ainda estamos focados em ampliar a venda via canais digitais", disse ele.
De acordo com Lazari, o braço segurador funciona como um "hedge" para o banco. Sobre o impacto da queda dos juros na receita da seguradora, ele disse que, primeiramente, há reflexos, mas que o cenário econômico atual propicia um ambiente mais estável e, consequentemente, mais próspero para ampliar os volumes e compensar o menor resultado financeiro.
Sobre o setor de saúde, que em todo o mercado perdeu cerca de 3 milhões de beneficiários em meio à crise financeira e política no Brasil, o presidente do Bradesco afirmou que vê perspectivas positivas de crescimento dos clientes e redução da sinistralidade, que também aumentou durante o período de recessão econômica.
"Estamos otimistas, mas realistas. A operação do banco está pronta para voltar a crescer. Vamos expandir a carteira de crédito e de clientes", disse Lazari, acrescentando que o ambiente estável vai possibilitar uma trajetória de crescimento sustentável por "vários anos".
O presidente do Bradesco afirmou ainda que o banco vê o futuro com ingrediente importante de digital, mas que a rede de agências e o contato humano continuam sendo fundamentais. Ao concluir seu discurso, em seu primeiro evento no comando do segundo maior banco privado do País, disse que espera que "as eleições sejam a consagração da democracia no Brasil".