TRABUCO: ele deve deixar o comando do Bradesco em março de 2017 / Germano Lüders
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2016 às 12h03.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h59.
Depois de sete anos e meio, está chegando ao fim a gestão de Luiz Carlos Trabuco Cappi, de 64 anos, na presidência do Bradesco, o segundo maior banco privado do país. Trabuco, como é mais conhecido, completará 65 anos em outubro e atingirá a idade limite para exercer funções executivas no banco. De acordo com o cronograma, ele deverá deixar o comando em março de 2017, quando deverá ser realizada a assembleia geral anual, que analisará o balanço deste ano e terá a missão de aprovar o nome de seu sucessor.
Com a aproximação da saída de Trabuco, a bolsa de apostas sobre quem o substituirá está em ebulição. Sua saída também estimula as especulações sobre a eminente aposentadoria do banqueiro Lázaro de Mello Brandão, presidente do conselho de administração do Bradesco desde 1990. Tudo leva a crer que o banco deverá aproveitar a oportunidade para alçar Trabuco, que hoje acumula a vice-presidência do conselho com a presidência executiva, ao posto de Brandão, que completará 90 anos em 15 de junho.
A sucessão ganhou tons dramáticos em novembro do ano passado, quando Marco Antonio Rossi, ex-presidente da Bradesco seguros e um dos favoritos ao posto de Trabuco, que morreu com a queda do jato executivo em que viajava, no interior de Minas Gerais. Atualmente, nos corredores do Bradesco, na Cidade de Deus, em Osasco, na Grande São Paulo, fala-se em quatro nomes, todos vice-presidentes: Domingos Abreu, que se projetou na área de relacionamento com investidores; Maurício Minas, da área de tecnologia; Alexandre Gluher, que veio do varejo; e Sérgio Clemente, da área de mercado de capitais.
Em geral, porém, a escolha não costuma privilegiar quem sai na frente na disputa. Foi assim com Márcio Cypriano, o antecessor de Trabuco, de quem pouco se falava quando se discutia a sucessão de Brandão, em 1999. Foi assim também com o próprio Brandão, considerado um “azarão” na disputa para suceder Amador Aguiar (1904-1991), o fundador do Bradesco, em 1981. Trabuco foi a exceção que confirmou a regra, já que era uma unanimidade como candidato à sucessão de Cypriano anos antes de ele deixar o cargo. É por isso, provavelmente, que os possíveis substitutos de Trabuco preferem se manter na sombra, em vez de fazer campanha em público.
Recentemente, o colegiado que elegerá o sucessor de Trabuco e provavelmente o de Brandão sofreu duas baixas. Com a saída de dois cardeais – Antônio Bornia, de 79 anos, que fez carreira na área externa e cambial, e Mário Teixeira, de 69 anos, que liderou a área de mercado de capitais e de investimentos (e atualmente comanda o time de futebol Audax) – o conselho ficou com apenas oito membros. A definição sobre a substituição ou não de Bornia e Teixeira também deverá ocorrer apenas na assembleia geral, no início do ano que vem.
Em sua gestão, Trabuco promoveu o crescimento orgânico do banco e fechou a compra do HSBC, o segundo maior banco estrangeiro do país, atrás apenas do Santander, por 5,2 bilhões de dólares (18,7 bilhões de reais ao câmbio atual). Com a aquisição, o Bradesco encostou no Itaú, que passou à sua frente no ranking dos maiores bancos do país, após a fusão com o Unibanco, no final de 2008. Já aprovada pelo Cade (Conselho Admnistrativo de Defesa Econômica), a compra do HSBC turbinou os ativos totais do Bradesco para 1,2 trilhão de reais.
Com isso, o banco ficou apenas 8% abaixo do Itaú neste quesito. Depois de rejeitar o convite para ser ministro da Fazenda de Dilma logo após as eleições de 2014, Trabuco teve participação ativa na indicação do economista Joaquim Levy, então responsável pela área de gestão de recursos de cliente do Bradesco, para o cargo. Sob forte pressão do PT e de seus aliados, contrários ao ajuste fiscal implementado em sua gestão, Levy deixou a Fazenda em dezembro.
Agora, o novo presidente do banco vai encarar um cenário de incertezas, com um novo governo, e de dificuldades, com os principais bancos do país enfrentando um raro momento de aperto. No primeiro trimestre, o lucro dos maiores bancos caiu 20% – é a terceira queda trimestral seguida. A previsão é de mais dificuldades pelo menos nos próximos dois anos. Quem assumir a cadeira de Trabuco já chega com a missão de recuperar os números conseguidos na gestão anterior. É uma tarefa e tanto.
(José Fucs)