Bradesco: banco tenta ajustar despesas operacionais para o ano de 2019 (Paulo Fridman/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de outubro de 2019 às 18h07.
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, admitiu que o banco precisa melhorar suas despesas operacionais, as quais estão acima da meta estabelecida para 2019, e que está tomando medidas para isso - além do programa de demissão voluntária (PDV), com adesão de mais de 3 mil funcionários, e o fechamento de 450 agências até o ano que vem. "Temos de melhorar nossas despesas e estamos tomando providências para isso", destacou o executivo, em teleconferência com a imprensa, realizada nesta quinta-feira, 31.
Depois de fechar 50 agências até setembro, o Bradesco espera encerrar mais 100 unidades ainda este ano. Mais de 300 devem ser descontinuadas em 2020, conforme Lazari. Os fechamentos de agências ocorrerão em todo o Brasil e não há, segundo ele, uma região específica. Ao fim de setembro, o Bradesco contava com 4.567 agências.
"Será pulverizado no Brasil inteiro. Quando compramos o HSBC fizemos um bom trabalho de enxugamento de agências, mas temos muitas oportunidades ainda", avaliou o presidente do Bradesco, citando a existência de agências menores, mas rentáveis, muito próximas de unidades bem maiores e que podem ser incorporadas.
Ele informou ainda que os gastos operacionais do Bradesco devem ficar acima do guidance neste ano, impactados por "decisões importantes" que o banco tomou no início do ano. Dentre as medidas, o executivo citou a adoção de um novo programa de remuneração variável aos seus funcionários, acordos em processos trabalhistas e ainda reforço em equipes como, por exemplo, a do banco digital, o Next.
No caso das despesas operacionais, que consideram gastos administrativos e de pessoal, o Bradesco espera aumento de até 4%. Nos primeiros nove meses, entretanto, o Bradesco reportou elevação de 7,5%. Segundo Lazari, as despesas do banco devem ficar alinhadas à média histórica da instituição, mas acima das projeções.
"Não seria factível fazer revisão no último trimestre do ano. Por isso, nossas despesas devem ficar acima do guidance, mas estamos tomando algumas medidas que não estavam no orçamento, mas que são importantes para poder melhorar o balanço da organização", explicou o presidente do Bradesco.
O presidente do Bradesco disse também que o desempenho das receitas de prestação de serviços deve convergir para dentro do guidance do banco, crescendo entre 3% e 4% neste ano frente a 2018. Até setembro, a expansão foi de 2,5%, abaixo do intervalo de alta estimado pela organização, de 3% a 7%. "As receitas já aceleraram depois de uma série de medidas que tomamos ao longo do segundo e terceiro trimestre, mas ainda não atingimos o guidance. Sempre o último trimestre é melhor", explicou.
Dentre as linhas que ele vê oportunidade de elevar os ganhos, citou as tarifas de conta corrente. Ele disse ainda que, a despeito do impulso sazonal no fim de ano, as receitas de serviços devem crescer em um ritmo maior em 2020. Não fez, contudo, projeções, uma vez que os bancos estão debruçados neste momento sob seus orçamentos do próximo ano.
Sobre as receitas na administração de fundos de investimento, Lazari avaliou que a principal pressão para queda dos ganhos em meio à redução dos juros básicos no País, a Selic, já está precificada. "Esse movimento já foi feito no segundo e terceiro trimestres", reforçou.
A palavra de ordem no cenário atual, conforme Lazari, é escala, que permitirá um melhor desempenho das receitas de tarifas e prestação de serviços. "Escala é fundamental para operar em um País de juro baixo", enfatizou o presidente do banco.
Nesse contexto, o presidente do banco disse que a organização já capturou 1,2 milhão de novas contas este ano e que seu braço digital, o Next, já bateu a marca de 1,5 milhão. Segundo ele, a meta são 2 milhões até o fim do ano.
Para Lazari, os bancos privados também serão beneficiados no cenário de retomada econômica frente às instituições públicas. "Os bancos privados serão protagonistas", disse.
O presidente do Bradesco ainda afirmou que a carteira de crédito do banco deve fechar o ano com crescimento superior ao visto até agora, de 10,5% frente a 2018. O banco espera que sua carteira de crédito expandida cresça de 9% a 13% neste ano. Conforme Lazari, o alvo é o centro dessa faixa. "A carteira de crédito expandida vem evoluindo bem. As novas safras estão com crescimento além dos 10,5% que entregamos hoje no resultado do terceiro trimestre", disse.
Dentre os destaques, o executivo mencionou crédito pessoal, consignado, cartão e imobiliário. "Na pessoa física, o crédito vai continuar crescendo de maneira acelerada", projetou o presidente do Bradesco.
Em relação ao crédito para pessoas jurídicas, Lazari ressaltou a aceleração de empréstimos para micro, pequenas e médias empresas que no terceiro trimestre avançou 5,5% ante o terceiro.
Sobre as grandes empresas, ele lembrou que há um movimento de migração de operações para o mercado de capitais e que a retomada neste segmento ficou para 2020. Apesar disso, o executivo ponderou que o crédito tradicional para grandes grupos não deve crescer com tanto vigor devido a outras possibilidades de funding para este público.
"A janela de ofertas de ações como IPOs e follow ONS se ampliou com um novo ânimo do mercado e deve se estender até fevereiro do ano que vem", disse ele, acrescentando que o banco está bem posicionado para capturar tanto a retomada do crédito para grandes empresas como operações no mercado de capitais.