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Braço de comercialização da CPFL vê receita estável em 2018

A projeção vem após dois anos de forte expansão no mercado livre

CPFL: "Em termos de receita, a CPFL Brasil deve estar girando na casa de 2,5 bilhões de reais a 3 bilhões de reais" (foto/Divulgação)

CPFL: "Em termos de receita, a CPFL Brasil deve estar girando na casa de 2,5 bilhões de reais a 3 bilhões de reais" (foto/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 18h32.

São Paulo - A CPFL Brasil, braço de comercialização de eletricidade da CPFL Energia, deve fechar 2018 com faturamento estável em relação ao ano passado, em meio a expectativas de um ano menos aquecido no mercado livre de energia, onde grandes clientes, como indústrias, podem fechar contratos diretamente com geradores e comercializadoras.

A projeção vem após dois anos de forte expansão no mercado livre, à medida que elevados reajustes nas tarifas cobradas pelas concessionárias de distribuição de energia favoreceram a busca dos consumidores por opções para reduzir gastos com eletricidade.

"Falando da comercializadora como um todo, a gente enxerga em 2018 uma estabilidade, perto do que teve em 2017. Em termos de receita, a CPFL Brasil deve estar girando na casa de 2,5 bilhões de reais a 3 bilhões de reais", disse o presidente da empresa, Daniel Marrocos, em encontro com jornalistas em São Paulo nesta quarta-feira.

Ele disse que altos preços de contratos no mercado livre de energia na reta final de 2017, devido a expectativas de chuvas então negativas, devem fazer com que o número de empresas no setor cresça mais devagar neste ano, uma vez que a decisão de um consumidor migrar do mercado regulado para o livre demora meses para ser concretizada.

O forte fluxo de migração de consumidores começou em 2016, após uma elevação de mais de 50 por cento das tarifas de energia das distribuidoras no Brasil no ano anterior.

Naquele ano, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) viu uma explosão de adesões, com 2.303 novos consumidores livres, alta de quase 2,4 mil por cento ante 2015. Em 2017, foram 1.267 novos clientes livres, um fluxo 45 por cento menor ante 2016.

"A gente vê uma baixa expectativa de migrações para 2018, uma das razões é o preço alto no fim do ano de 2017. Isso desincentivou... um novo movimento de migração deve acontecer em 2019", afirmou.

Ele ressaltou que um bom quadro de chuvas neste ano, que superou expectativas pessimistas do final de 2017, tem favorecido um cenário de preços "comportados" no mercado livre, enquanto as tarifas das distribuidoras devem ter reajustes altos --os últimos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) significaram altas de cerca de 15 por cento.

"Esse movimento de expansão (do mercado livre de energia), estendendo o horizonte para além de 2018, pensando em mais longo prazo... a gente vê como algo que não tem uma volta, não tem retorno", afirmou.

Energia limpa

O ritmo de adesão de novas empresas ao mercado livre de eletricidade neste ano deve ser contido em parte também por uma possível falta de contratos para um segmento específico do setor, na visão de executivos da CPFL.

Isso porque os clientes que deixam as distribuidoras para comprar energia no mercado livre hoje são principalmente consumidores de pequeno e médio porte, chamados de "consumidores especiais". Eles só podem comprar energia de fontes renováveis, conhecida como "energia incentivada", que está em falta no mercado devido à explosão da demanda em 2016 e 2017.

"Tem aí um fator que é existir energia para essa migração, e isso pode ser um limitador", disse o presidente da CPFL Brasil.

Nesse sentido, ele afirmou que existem discussões de agentes do mercado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que distribuidoras possam revender no mercado livre eventuais excedentes de energia contratada.

"A gente tem conversado com o regulador... isso traria maior liquidez para o mercado livre", disse Marrocos.

A possibilidade da negociação de excedentes já é prevista em lei, mas precisa ainda ser regulamentada pela agência.

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