Tony Hayward, CEO da BP: com imagem desgastada por causa de erros no tratamento ao acidente no Golfo do México, possível demissão foi ventilada (.)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2010 às 11h54.
Londres - O grupo petroleiro britânico BP enfrentou mais um dia movimentado, ap tentar, desta vez, desmentir a demissão de seu chefe, Tony Hayward, anunciada por um alto dirigente do Kremlin.
Ao meio-dia, as agências russas Interfax e Ria Novosti anunciaram a notícia bombástica: segundo o vice-primeiro-ministro russo, Igor Setchine, o presidente executivo da BP, Tony Hayward, que seria recebido por ele nesta segunda-feira, iria renunciar ao cargo e apresentar seu sucessor.
A BP imediatamente desmentiu a informação. "Tony Hayward continua trabalhando na direção da empresa e não vai se demitir", assegurou à AFP um porta-voz do grupo em Londres.
Hayward, que foi severamente criticado nos Estados Unidos por inúmeras falhas, cedeu na semana passada a gestão das operações contra a maré negra no Golfo do México a um de seus subordinados, Bob Dudley, um veterano do grupo, 100% americano.
O dia chegou a começar bem para a BP: sua cotação na Bolsa de Londres, depois de ter atingido na sexta-feira um dos níveis mais baixos em 14 anos, ganhava 4%, na abertura do pregão.
Os investidores pareciam tranquilizados depois das previsões meteorológicas que mostraram que a tempestade tropical Alex não deveria, ao contrário dos primeiros anúncios, atingir diretamente o local da maré negra.
A ameaça potencial desta tempestade contribuiu fortemente para a queda da cotação do grupo na sexta-feira, somando um total de perda de 55% desde o final de abril quando a plataforma Deepwater Horizon afundou. A BP viu o seu valor na Bolsa afundar e perdeu centenas de bilhões de dólares desde o acidente que representa a pior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos.
A BP, no entanto, recebeu um franco apoio do primeiro-ministro britânico David Cameron que, depois dar declarações polêmicas, acabou defendendo o grupo com a proximidade da cúpula do G8 no Canadá.
Cameron advertiu na sexta-feira contra uma possível "destruição" da companhia britânica e pediu às autoridades americanas que deixassem claras as suas intenções a esse respeito, principalmente em termos de compensações financeiras.
A confusão russa colocou em baixa a cotação da BP, mesmo com as negações da empresa. Durante o pregão, a BP começou arrastar-se com dificuldade, fechando a sessão com um lucro de apenas 1,20%, a 308,25 pence (centavos de libras).
O custo da catástrofe não para de aumentar. Nesta segunda-feira, a BP informou que já gastou 2,65 bilhões de dólares por causa da maré negra. Esse custo cresce a uma velocidade preocupante: na sexta-feira, a cifra era de 2,35 bilhões de dólares.
É difícil prever como esse fluxo de gastos pode desacelerar se o grupo não consegue reparar o vazamento do óleo, origem da catástrofe.
Apesar dos esforços da empresa em limitar o escape, grandes quantidades de petróleo bruto continuam chegando às costas americanas.
Vários quilômetros de praias do Mississipi foram atingidos no final de semana, e os pedidos de indenização se multiplicam: a BP afirma já ter compensado cerca de 41 mil pessoas, com mais de 128 milhões de dólares.